Brasil é uma potência, mas no saneamento está na época medieval, diz secretário

Chefe de saneamento da pasta do Desenvolvimento Regional, Pedro Maranhão, disse que governo combate falta de interesse em investir na área

Foto: Reprodução/Youtube/Portal iG
Secretário de Saneamento Pedro Maranhão durante entrevista ao portal iG

O secretário de Saneamento do ministério do Desenvolvimento Regional, Pedro Maranhão, disse em entrevista ao portal iG nesta terça-feira (22) que o Brasil é uma grande potência, mas que, na área do saneamento básico , "está na época medieval". "Nós temos crianças com tablets usando tecnologia 5G, mas quando elas abrem a porta de casa voltam para a época medieval", afirmou o secretário em durante live do Brasil Econômico .

Segundo Maranhão, o governo federal tem enfrentado uma característica cultural no País da falta de interesse de investimento na área. "Obra enterrada não dá voto. Essa é uma máxima daqui. Então o prefeito, o deputado, o gestor, o governador, eles preferiam fazer uma obra que desse visibilidade. Uma ponte, uma praça ou um show. E realmente o saneamento ficou para trás", disse.

Por conta disso, o secretário afirma que uma das estratégias criadas foi a implantação do Marco Regulatório do Saneamento,  aprovado no Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o objetivo de universalizar o acesso ao saneamento básico até 2033, podendo ser prorrogado ainda até 2040.

"O Estado perdeu a capacidade de investimento e nós estamos abrindo para quem tem dinheiro para fazer isso. O marco dá mais previsibilidade e segurança jurídica para que as empresas invistam no Brasil", explica Maranhão.

Após a sua aprovação, o marco regulatório foi alvo de muitas críticas, sendo acusado de uma ferramenta para a privatização da água, um bem que, de acordo com esses críticos, deveria ser público. Para Maranhão, no entanto, não houve uma boa compreensão do que o novo marco propunha e o assunto se tornou "ideologizado".

"Eu costumo dizer que o marco não veio para privatizar. Ele veio para universalizar. Tem gente querendo ideologizar essa decisão. Nós estamos abrindo oportunidade para quem tem dinheiro investir. Vai ter muita PPP (Parceria Público-Privada), concessão e privatização", afirmou o secretário.

Como resultado da implantação do marco, Maranhão avalia que o setor do saneamento já está maduro para receber recursos. "Isso já começou a virar conversa de mesa de bar, conversa de mesa de jantar. A sociedade despertou para a importância do saneamento. E é muito bom que isso aconteça", disse.

Recuperação da economia

Maranhão também acredita que o marco vai ter papel importante na retomada da economia em meio à pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).

"Isso vai ocorrer porque os investimentos vão chegar e o setor do saneamento tem uma cadeia produtiva muito grande, que vem desde o cavador de vala. Sem falar nos benefícios que isso vai trazer para as áreas da Saúde e do Meio Ambiente", afirmou.

"Aliás, eu não sei porque somos tão criticados. Nossas questões ambientais estão mais bem resolvidas que em outros países. Nós temos a matriz energética mais limpa do mundo. É uma coisa meio maluca", completou o secretário.

Confira a entrevista na íntegra: