"Não vamos interferir no mercado", diz Bolsonaro sobre preço de alimentos
Após o preço do arroz e de outros produtos da cesta básica disparar nos últimos dias, supermercados já limitam a venda de determinados produtos pelo Brasil
Por Brasil Econômico | , Jornal Extra |
Horas depois de um órgão do Ministério da Justiça notificar empresas de produção e distribuição de alimentos cobrando explicações sobre o elevado aumento de preços de itens que compõem a cesta básica do brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o governo não vai interferir no mercado "de jeito nenhum".
Ele disse ter conversado com "autoridades dos supermercados", que estariam "se empenhando" para reduzir o valor dos alimentos, e creditou o aumento ao auxílio emergencial e ao crescimento de exportações em razão do câmbio do dólar.
Bolsonaro falava com apoiadores na chegada ao Palácio da Alvorada quando um deles lhe agradeceu pelo auxílio emergencial. O presidente então anunciou:
"Conversei com duas autoridades dos supermercados, tá? Na ponta da linha, o preço chega pra eles, e eles estão se empenhando para reduzir o preço da cesta básica, que dado ao auxílio emergencial, houve um pequeno aumento no consumo. Houve mais exportação por causa do dólar também, sabemos disso aí".
E acrescentou: "Os rizicultores, os plantadores de arroz, estavam com prejuízo há mais de dez anos, mas está sendo normalizado isso aí. Não vamos interferir no mercado de jeito nenhum, não existe canetaço para resolver o problema da economia".
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Ao longo do dia, ele se reuniu com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e recebeu o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto.
Esclarecimentos
A Abras, que publicou uma carta de alerta sobre os aumentos na última semana, foi uma das notificadas pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça, para explicar o aumento no valor de itens como arroz, feijão, leite e óleo de soja.
Ao todo, a Senacom pediu esclarecimentos a dez empresas e associações do ramo de produção de alimentos e de 21 redes de distribuição. O prazo para responder a notificação é de dez dias.
Na saída da reunião com o presidente, no Palácio do Planalto, Sanzovo Neto disse que os empresários não serão "vilões de algo pelo qual nao "são responsaveis". Nos últimos dias, Bolsonaro vem fazendo apelos aos supermercados pedindo a redução da margem de lucro em produtos da cesta básica.
O dirigente da associação afirmou que a margem de lucro de produtos básicos, como o arroz, é muito baixa, devido à concorrência de mercado, e que, atualmente, os donos de supermercado estão vendendo abaixo do que custaria para repor o produto, uma vez que os empresários trabalham com estoques e custo médio.
Ainda na conversa com simpatizantes, Bolsonaro afirmou: "Quando lá atrás me criticavam, eu falava o quê? Vírus e emprego. O pessoal falou: fique em casa e a economia vem depois. Apesar disso, eu perdoo quem falava isso aí. Até muitos políticos sabiam que eu tava certo, mas por vergonha... muitos políticos queriam estar na crista da onda, cuidando da vida, o malvadão era eu. Agora eu perdoo, tá certo? A gente estava no caminho certo e estamos nos empenhando para a economia pegar".