Supermercados irão orientar a população a trocar arroz por macarrão

Presidente da Associação Brasileira de Supermercados também disse que setor não é cartel e que livre concorrência regula margem de lucro de produtos básicos, como o arroz

Supermercado no interior de São Paulo limita compra de arroz a três sacos por cliente
Foto: Reprodução/EPTV
Supermercado no interior de São Paulo limita compra de arroz a três sacos por cliente

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados ( Abas ), João Sanzovo Neto , disse nesta quarta-feira (9), que os supermercados orientarão os clientes a substituirem o arroz pelo macarrão. 

“Do nosso lado, vamos continuar fazendo a nossa parte: sempre defendendo os consumidores, já que dependemos do preço barato para continuar vendendo e atraindo clientes. Negociar forte com os fornecedores e fazer uma ação para promover o consumo de massa, de macarrão, que é o substituto para o arroz. E vamos orientar a população para que não estoque. Quanto mais estocar, mas difícil fica a situação”, afirmou Neto.

Além disso, o dirigente afirmou que os empresários não serão "vilões" de algo que não são "responsáveis". A declaração foi dada após reunião com presidente Jair Bolsonaro , que vem fazendo apelos aos supermercados para reduzir a margem de lucro em produtos da cesta básica.

"Nós não vamos ser vilões de uma coisa que nós não somos responsáveis, e muito pelo contrário", afirmou.

Sanzovo afirmou que a margem de lucro de produtos básicos, como o arroz, é muito baixa, devido à concorrência de mercado. Ele disse também que, atualmente, os donos de supermercado estão vendendo abaixo do que custaria para repor o produto, uma vez que os empresários trabalham com estoques e custo médio.

"Essa é a lei de mercado, é a concorrência, são 90 mil pontos no Brasil , e o consumidor ele vai aonde o preço tá mais barato, ele busca isso, e a gente quer que ele venha comprar na loja da gente, então a gente tem essa concorrência nesse produto bastante forte", explicou, acrescentando:

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"Vocês estão esquecendo que estamos numa concorrência, nós não temos um cartel, ninguém combina preço nem nada, é concorrência pura", afirmou. 

Questionado sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro pedindo patriotismo dos donos de supermercado, Sanzovo afirmou que os empresários estão fazendo a parte que lhes cabem e que o presidente compreendeu isso.

"Nós já fazemos a nossa parte, e o governo já entendeu isso. Com os números, com transparência, já entedeu que os supermercados contribuem para diminuir a inflação, nunca para aumentar", disse.

O presidente da Abras disse que "é difícil de dizer" se existe a possibilidade de faltar arroz nas prateleiras brasileiras, mas que a orientação da associação é que a população não faça estoque do produto e substituam por massas.

"Isso vai ajudar o preço a diminuir, mais a entrada da importação. É trabalhar na oferta e na procura. É lei de mercado, quem já estudou um pouquinho conhece e funciona. É isso que funciona, o resto não funciona. O Brasil já viveu tabelamento, já viveu congelamento de preço, produto some da prateleira", disse.

Segundo Sanzovo , as variações de preço desses alimentos ocorrem porque são produtos sazonais.

"É sazonal, é agricultura: chove demais, faz sol demais. O problema está na lavoura, no custo da produção, na safra baixa; o problema está no câmbio, os produtos estão sendo exportados."