Governo ameaça retaliar senadores que 'traíram' Bolsonaro e derrubaram veto
Vice-líder do governo no Senado, Izalci Lucas (PSDB-DF) deve perder o cargo nos próximos dias
Por Agência O Globo |
O Palácio do Planalto identificou quatro senadores aliados ao governo de Jair Bolsonaro que votaram para derrubar o veto do presidente ao aumento de funcionários públicos na sessão do Congresso de quarta-feira (19) e avalia eventuais retaliações aos traidores.
Vice-líder do governo no Senado, Izalci Lucas (PSDB-DF) deve perder o cargo nos próximos dias por ter "traído" o governo derrubando o veto e votando para permitir reajuste de servidores no ano que vem. Já os colegas Jorginho Mello (PL-SC), Soraya Thronicke (PSL-MS) e Daniela Ribeiro (PP-PB) podem sofrer revides com indicações de cargos que detêm no governo e também com a liberação de emendas.
Na votação, o governo foi derrotado por 42 votos a 30. Caso os quatro senadores tivessem acompanhado a orientação do governo, o veto do presidencial não teria sido derrubado. Agora, é a Câmara quem vai apreciar a matéria e pode manter o impedimento para conceder reajuste dos servidores públicos até o fim de 2021.
No Planalto, a expectativa é que os deputados consigam a manutenção dos vetos presidenciais. O novo líder do governo no Congresso, Ricardo Barros (PP-PR), passou a manhã reunido com outros líderes para mapear o cenário. São necessários 257 votos para a derrubar os vetos.
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De Goiânia, onde participou de solenidade de passagem de comando do Comandante de Operações Especiais (COPESP), o ministro Luiz Eduardo Ramos ficou em contato direto com líderes e governadores, inclusive da oposição, que tem atuado junto aos deputados para manter os vetos.
Pelas redes sociais, Ramos mandou recado aos deputados. “Confio na responsabilidade dos nossos deputados na manutenção dos vetos do Presidente Bolsonaro!!! É preciso garantir o equilíbrio fiscal e, consequentemente, a retomada do crescimento do País”, escreveu.
Prevista para a tarde desta quinta-feira, a votação dos vetos na Câmara será o primeiro teste de fogo de Ricardo Barros na liderança de governo no Congresso após substituir o Major Vitor Hugo (PSL-GO). Integrantes do governo não ficaram satisfeitos com o voto de Daniela, que é filiado ao partido de Ricardo Barros. Daniela é irmã do líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que quase perdeu seu posto para o tucano Celso Sabino (PSDB-PA), num movimento liderado por Arthur Lira (PP-AL).
Já o senador do Distrito Federal, Izalci Lucas, que tem em sua base eleitoral servidores públicos, já avisou aos seus aliados tucanos que pode deixar o posto de vice-líder do governo a qualquer momento.