Em grave recessão, Japão tem queda recorde do PIB no segundo trimestre

Economia despenca 27,8%, em dados anualizados. É o pior resultado desde o início da série histórica do país, em 1980

Japão tem queda recorde do PIB e agrava recessão no segundo trimestre
Foto: Reprodução/Finding Japan
Japão tem queda recorde do PIB e agrava recessão no segundo trimestre

O Japão sofreu sua maior contração econômica na história no segundo trimestre, uma vez que a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) esvaziou lojas e derrubou a demanda por carros e outras exportações, ampliando o cenário para uma ação mais ousada de política monetária para impedir uma recessão mais profunda.

O terceiro trimestre seguido de recuo derrubou o tamanho do Produto Interno Bruto ( PIB ) real para mínimas em uma década, apagando os benefícios conseguidos com as políticas de estímulo do primeiro-ministro Shinzo Abe adotadas no final de 2012.

A terceira maior economia do mundo encolheu 27,8% em dado anualizado entre abril e junho, mostraram dados do governo nesta segunda-feira (17), marcando a maior queda desde que dados comparáveis se tornaram disponíveis em 1980 e ante expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 27,2%.

Embora a contração tenha sido menor do que a queda de 32,9% nos Estados Unidos, em dados também anualizados, foi muito maior do que o recuo de 17,8% no Japão no primeiro trimestre de 2009, quando o colapso do Lehman Brothers abalou os mercados financeiros globais.

Previsões modestas

O tamanho do PIB real do Japão encolheu para 485 trilhões de ienes, nível mais baixo desde o segundo trimestre de 2011, quando o País ainda sofria com duas décadas de deflação e estagnação econômica.

Embora a economia esteja emergindo após as paralisações terem sido levantadas no final de maio, muitos analistas esperam que qualquer recuperação no trimestre atual seja modesta diante do novo aumento nas infecções.

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"O grande declínio pode ser explicado pela queda no consumo e exportações", disse Takeshi Minami, economista-chefe do Instituto de Pesquisa Norinchukin. "Espero que o crescimento se torne positivo no trimestre de julho a setembro. Mas, globalmente, a recuperação é lenta em todos os lugares exceto na China", reconheceu.

Por trás da fraqueza econômica do Japão esteve o consumo privado, que despencou um recorde de 8,2% depois que as medidas de contenção do vírus mantiveram os consumidores em casa.

A demanda externa cortou um recorde de 3 pontos percentuais do PIB, uma vez que os embarques para o exterior caíram 18,5%, com as exportações de carros particularmente afetadas.

Segundo estudos, países que procuraram seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde para o combate à pandemia se saíram melhor nos últimos meses .

"A China é um caso à parte, por ser o primeiro país afetado, tem uma capacidade de fazer medidas como testes em massa, rastreamento de casos, isolamento total, controlar a circulação da população que nenhum outro país tem. Não é replicável em outros países. Mas Nova Zelândia, Vietnã, Coreia do Sul, países menores cuja atuação foi muito determinada para controlar rápido a epidemia, logo em seguida começaram a retomar a economia", lembrou a economista Monica de Bolle em recente entrevista ao GLOBO .