Após defender teto de gastos, Bolsonaro recua e cobra Guedes mais 'flexível'
Com aumento da aprovação popular, presidente quer manter tendência positiva e vê corte de gastos como empecilho
Por Brasil Econômico |
No auge de sua aprovação popular desde o início do mandato, segundo pesquisa Datafolha divulgada na noite de quinta-feira (13)
, o presidente Jair Bolsonaro quer manter a tendência positiva e lidar com atritos internamente. Um deles, o teto de gastos, tema que divide a equipe econômica, parece também incerto para Bolsonaro. Após defender o limite do aumento dos gastos publicamente, o presidente recuou e agora se aproxima dos que defendem mais investimentos públicos como saída para a crise. Segundo a Folha de S.Paulo
, ele cobrou a aliados que o ministro da Economia, Paulo Guedes, seja menos inflexível e intransigente no que diz respeito ao controle dos gastos.
Enquanto Guedes vê o rígido controle fiscal como única solução para o País, parte do governo pensa na reeleição do presidente e enxerga investimentos públicos como saída para a crise e a forma de manter a popularidade de Bolsonaro em alta. A disputa sobre o teto de gastos - regra que limita o aumento das despesas públicas à inflação do ano anterior - pode custar a posição de ministro para Guedes, já que o auxílio emergencial de R$ 600 , que terminaria neste ano, é crucial para o presidente, segundo o Datafolha. O chefe da Economia reitera que o benefício é muito caro para ser ampliado e é algo emergencial.
Ciente da posição dura de Guedes sobre manter o equilíbrio fiscal acima de tudo, Bolsonaro acenou ao mercado financeiro demonstrando apoio ao ministro, defendendo publicamente o teto de gastos ao lado dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) . Dias após, porém, dialoga internamente defendendo que o ministro seja mais 'flexível' diante do atual cenário.
Se outrora Guedes era defendido com unhas e dentes por Bolsonaro, que chegou a dizer repetidas vezes que o ministro é "quem manda" na economia, inclusive após embate interno sobre o plano de investimentos públicos chamado de Pró-Brasil , hoje o presidente cobra que Guedes ceda e aceite que manter o teto de gastos pode ser um empecilho para a popularidade e consequentemente os planos de reeleição de Bolsonaro .
Segundo a Folha , Guedes tem dito ao presidente que o cenário de aumento de gastos pode levá-lo a um campo de incertezas, abrindo a possibilidade de um impeachment. Bolsonaro, ainda assim, parece cada vez mais se desgarrar de seu 'superministro' e ouvir as alas que cobram investimentos, e o cenário parece cada vez mais imprevisível. O teto de gastos, regra tão recente - criada pelo governo de Michel Temer - divide o governo e, a princípio, coloca Bolsonaro contra seu ministro de maior renome.