Com alta do dólar, balança comercial de julho tem maior superávit desde 1989
Queda nas importações e valorização da moeda norte-americana ajudam a explicar o resultado
Por Agência O Globo |
A balança comercial brasileira de julho registrou superávit de US$ 8,1 bilhões, o maior resultado da série histórica iniciada em 1989. O número reflete os efeitos da pandemia no comércio global, que diminuíram as importações e elevaram o preço do dólar, tornando os produtos brasileiros mais atraentes no exterior.
O resultado foi anunciado pelo Ministério da Economia nesta segunda-feira (3) e mostra uma queda nas exportações e uma redução mais acentuada do lado das importações. Esse desequilíbrio faz com que, mesmo com uma troca comercial menor, o superávit seja maior. O resultado da balança comercial é o saldo entre as exportações e as importações.
As exportações foram de US$ 19,6 bilhões, contra US$ 11,5 bilhões nas importações . Na comparação da média diária (total dividido pelo número de dias do mês) com julho de 2019, a queda nas exportações foi de 2,9%, enquanto as importações caíram 35,2%.
O nível das exportações se manteve parecido com o do mesmo período do ano passado, puxado por um crescimento no setor da agropecuária de 17,3% (US$ 31,5 milhões) e na indústria extrativa, que teve crescimento de 1,5% (US$ 2,9 milhões) na comparação da média diária. Ambos os setores contribuíram para compensar a queda de 12% (US$ 59,8 milhões) na indústria de transformação entre julho deste ano e de 2019.
Essa queda na indústria de transformação foi puxada principalmente pela redução na exportação de carnes de aves, óleos combustíveis de petróleo e obras de ferro ou aço.
A valorização do dólar dos últimos meses também contribui para o resultado. Com uma moeda mais desvalorizada lá fora, os preços dos produtos ficam mais baratos para o comprador estrangeiro. Essa situação faz com que o volume exportado seja maior, mesmo que o montante que entre no país diminua.
Do lado das importações, o setor da indústria de transformação também puxou a queda. A redução foi de US$ 235 milhões (33,6%), com queda nas compras de óleos combustíveis, plataformas de petróleo e obras de ferro. As compras na indústria extrativa tiveram uma queda um pouco menor, de US$ 33,7 milhões (62,7%). Já o setor agropecuário se manteve no mesmo nível.