Sete em cada dez trabalhadores cortam gastos com medo de perder o emprego

Segundo o levantamento, o nível reduzido de consumo tende a ser mantido mesmo após o fim do isolamento social

Trabalhadores temem desemprego durante crise da pandemia, reduzindo gastos
Foto: Pixabay
Trabalhadores temem desemprego durante crise da pandemia, reduzindo gastos

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), encomendada ao Instituto FSB Pesquisa, mostrou que 71% dos brasileiros reduziram os seus gastos mensais na pandemia. O resultado é devido à insegurança ainda provocada pela conjuntura atual.

Dentre os trabalhadores formais e informais entrevistados, 71% dizem ter algum medo de perder o emprego, leve recuo em relação aos 77% que tinham algum grau de temor no início de maio.

O levantamento foi realizado com 2.009 pessoas de todas as Unidades da Federação entre 10 e 13 de julho e tem margem de erro de dois pontos percentuais. Em virtude do próprio isolamento social, as entrevistas foram realizadas por telefone fixos e móvel, em amostra representativa da população brasileira a partir de 16 anos.

“Os dados recentes da economia mostram que o pior da crise causada pelo novo coronavírus pode ter ficado para trás. Mas a pesquisa reforça a enorme importância de se construir uma agenda consistente, com ações de médio e longo prazo, para a retomada das atividades produtivas e do crescimento do país. Recuperar a confiança brasileiro, para que ele volte a consumir, é de suma importância para acelerar esse processo”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

De acordo com a pesquisa, o nível reduzido de consumo tende a ser mantido mesmo após o fim do isolamento social. Para todos os produtos pesquisados, que vão desde itens como roupas, produtos de higiene pessoal até bebidas alcóolicas, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, a maioria dos consumidores pretende manter os gastos com eles.

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Os itens que mais devem ter crescimento no consumo no pós-isolamento são as roupas. Mesmo assim, apenas 21% dos entrevistados afirmaram que pretendem ampliar o consumo desses produtos.

Um dado positivo revelado pela pesquisa é que o endividamento da população recuou oito pontos percentuais na comparação com maio, quando 53% dos entrevistados se declararam endividados. E, dentre quem tem dívida, 62% afirmam que conseguirá quitá-la nos próximos 30 dias. O percentual é dez pontos percentuais maior que o registrado em maio.

O levantamento mostrou ainda que 30% dos brasileiros pediram e estão recebendo o auxílio emergencial do governo. Entre eles, a maioria (57%) usou os recursos para compras e 35% destinaram os valores para pagar dívidas.

Brasileiro segue favorável ao isolamento social

Apesar das perdas econômicas e do medo grande do novo coronavírus (SarS-CoV-2) ter caído de 53% para 47% em relação ao primeiro levantamento, em maio, os dados mostram que o brasileiro segue favorável ao isolamento social (84%).

O grupo das pessoas que saem de casa apenas para ações essenciais, como fazer compras ou trabalhar, aumentou de 58% para 67% entre maio e julho. Sobre o trabalho remoto, oito em cada dez entrevistados admitem que as tarefas que precisam entregar não podem ser feitas de casa.

A população está dividida quanto ao retorno das atividades do comércio de rua — 49% aprovam e 47% desaprovam —, mas sobre outros itens, como salões de beleza, bares e restaurantes, shoppings, escolas e universidades, academias e cinemas, a maioria dos brasileiros é contra a abertura. Os percentuais variam de 57% a 86% desfavoráveis a reabertura desses estabelecimentos.