"Se não privatizar a Eletrobras, vamos ficar para trás", diz presidente do BNDES
Para Gustavo Montezano, a estatal está madura e preparada para a privatização em um curto prazo
Por Agência O Globo | | Agência O Globo - |
Gustavo Montezano, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( B NDES
), afirmou que a Eletrobras é a estatal que mais precisa ser privatizada, sob o risco do Brasil "ficar para trás". A afirmação foi feita durante uma live com analistas da XP Investimentos na noite desta quinta-feira (18).
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"A estatal que mais necessita da privatização no curto prazo é a Eletrobras. É também a mais madura e mais preparada para isso. O projeto está pronto, embora ainda precise de conversa com o Congresso. A companhia precisa investir de R$ 14 bilhões a R$ 15 bilhões ao ano, mas consegue aportar no máximo de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões. Se não privatizar, vamos ficar para trás", disse Montezano
.
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Esta semana, reportagem do GLOBO mostrou que o minstro da Economia Paulo Guedes mudou seus planos e decidiu que vai trabalhar para fazer quatro grandes privatizações este ano
, incluindo a Eletrobras e os Correios
, diante da necessidade de fazer caixa.
Montezano afirmou que, apesar do freio no mercado de capitais em razão da pandemia , a parte de projetos, estudos e planejamento para privatizações e concessões continuam "andando a mil por hora".
Saneamento
O presidente do banco de fomento frisou que o investimento privado é fundamental para o desenvolvimento do país, sobretudo no segmento de infraestrutura e diante da situação de caixa do governo. E que os recursos públicos disponíveis atualmente devem ser usados como impulsionadores nesse processo.
"É natural haver pressão para ampliar gasto público. Mas a condição fiscal do estado brasileiro é inviável. Gastamos rios de dinheiro na crise do coronavírus . Graças a Papai do Céu, conseguimos aprovar a Previdência antes dessa crise. O gasto (para socorrer as pessoas e as empresas na pandemia) está certo. Mas o estado está quase quebrado. Tem que ir pelo caminho da privatização", opinou.
A área de saneamento básico foi citada como a "principal bandeira" do banco hoje. Haveria outras duas novas fronteiras de investimento e oportunidade: o tema do gás e todo o tema de parque e florestas.
"A aprovação do marco legal do saneamento é fundamental para destravar investimento, dando segurança jurídica ao investidor. Depois, com a pandemia, a demanda de investidores domésticos e internacionais por projetos em infraestutura com aspectos ambientais, sociais e de saúde é enorme. É importante aprovar esse marco para que a gente não perca essa oportunidade", disse Montezano.
Crédito para pequenas empresas
Montezano disse ainda que o BNDES está montando um fundo segurador de crédito junto com o Ministério da Economia para destravar o crédito para micro, pequenas e médias empresas.
"Estamos em conversas semanais com a Febraban [Federação Brasileira de Bancos] para botar isso de pé. E devemos começar a rodar no início do mês que vem", afirmou ele.
O Programa Emergencial de Acesso a Crédito ( Peac ) já tem R$ 25 bilhões em recursos autorizados e pode chegar a R$ 80 bilhões, disse o presidente do banco.