Guedes minimiza briga entre poderes e diz que desentendimentos são naturais

Ministro da Economia participou de seminário virtual realizado pelo BNDES; para ele, a crise na saúde também causa mais atritos

Paulo Guedes minimizou atritos entre os poderes da República em entrevista
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Paulo Guedes minimizou atritos entre os poderes da República em entrevista

Ao participar de um seminário virtual sobre energia realizada pelo BNDES na manhã desta sexta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou as brigas entre os Poderes. Guedes comparou a atual situação a pisões e empurrões, destacando que os desentendimentos são naturais ao atual momento de crise.

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Atualmente, a relação entre o Executivo e o Legislativo passa por um momento delicado após a revelação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, quando o ministro da Educação, Abraham Weintraub, sugeriu prender os ministros do Superior Tribunal Federal (STF). Ontem, o presidente Jair Bolsonaro criticou a ação do STF contra empresários, políticos e blogueiros acusados de financiar a divulgação de fake news.

"Quando um poder pisa no pé do outro, o outro dá um empurrão de volta. Isso é natural. Não é para dizer que o Brasil vai acabar por causa disso, que o Brasil vai parar e que nunca mais vai funcionar, que é uma destruição do capital institucional que temos, que é um golpe. Não tem nada disso. É natural. É natural. É da própria crise. Alguém acha que a Asa Esquerda é mais importante? O outro acha que é a Asa Direita? O pássaro não voa sem as duas asas", disse Guedes, em referência à cidade de Brasília.

O ministro da Economia pediu cooperação e afirmou que não se deve brigar a bordo do barco.

"Precisamos de cooperação, colaboração, compreensão e solidariedade. É natural que nessa ansiedade, cada um a seu estilo, um pisa no pé do outro. E quem foi pisado dá um empurrão de volta. Agora, acabou. Quando chegar na margem, começa a brigar de novo. Pode brigar a vontade na margem. Se brigar a bordo do barco, o barco naufraga", afirmou o ministro.

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Durante a abertura do evento, Guedes destacou as iniciativas feitas pelo governo no ano passado, como a reforma da previdência e a distribuição de quase R$ 12 bilhões para estados e municípios, valor, segundo ele, três vezes maior do que prefeitos e governadores esperavam. Ele citou que agora já estava tudo “encaminhado” para aprovar o novo pacto federativo.

"O Brasil tem uma democracia barulhenta, vibrante, mas que está entregando. Entregou a reforma de previdência no ano passado. O inicio da transformação do Estado Brasileiro está acontecendo. Esse ano estávamos preparados para fazer o pacto federativo, com a transferência de R$ 450 bilhões para estados e municípios. A crise só confirma que estávamos indo na direção certa. Se esses recursos já estivessem lá, quando chegasse a crise, em vez de termos estádios de futebol, teríamos hospitais", disse ele, em alusão às iniciativas para o combate ao coronavírus, como a construção de hospitais de campanha.

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Assim, Guedes falou da importância da descentralização de recursos do Governo Federal para estados e municípios:

"Quando a decisão é centralizada, o governo decide fazer porto em Cuba, obras na Venezuela. Se o dinheiro é descentralizado, nenhum estado ou prefeitura iria mandar recurso para fazer obra lá fora. Ia fazer escola, hospital e saneamento".

Embora não tenha citado nominalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Guedes também fez referência à uma declaração feita pelo político à revista “Carta Capital”, de que que o coronavírus teria sido algo positivo para mostrar a importância do poder do Estado. Guedes classificou a afirmação como “erro intelectual”.

"Numa hora como essa dizer que é bom ter o vírus para mostrar que é bom ter o Estado. É um erro intelectual . É uma completa falta de solidariedade com a população brasileira. E justamente a nação que mais lançou recursos para proteger a população é a mais rica e tem o menor Estado. Não podemos voltar para o passado. Temos que ir em direção a um futuro diferente", afirmou Guedes, fazendo referência ao pacote bilionário lançado pelos Estados Unidos.