Américas terão maior aumento do desemprego pela Covid-19 no mundo, alerta OIT

Organização aponta que um a cada seis jovens perde emprego devido à pandemia do novo coronavírus

Américas terão o maior aumento do desemprego causado pela Covid-19 no mundo, segundo a OIT
Foto: Divulgação/ONU Mulheres
Américas terão o maior aumento do desemprego causado pela Covid-19 no mundo, segundo a OIT

As Américas serão as maiores vítimas mundiais dos cerca de 305 milhões de empregos perdidos durante a pandemia de Covid-19 entre abril e junho, seguida pela Europa e pela Ásia Central, disse a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta quarta-feira (27), ao divulgar a quarta edição do Observatório da OIT sobre o impacto da Covid-19.

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As Américas passaram de região menos afetada em termos de mercado de trabalho no primeiro trimestre para a mais abalada, e deve sofrer uma queda de 13,1% em horas de trabalho no segundo trimestre, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, em entrevista. Isso se deve ao fato de a região ter se tornado o novo epicentro do surto.

O relatório não mudou a estimativa de perda de empregos no segundo trimestre feita um mês atrás, que é calculada em termos de horas de trabalho em comparação com um valor de referência pré-pandemia.

A OIT elevou sua estimativa de perda de empregos no primeiro trimestre em 7 milhões, o que totaliza 135 milhões de postos.

Ryder disse estar "extremamente preocupado" com os jovens, que estão sendo afetados pela crise de forma desproporcional, e alertou que a pandemia de Covid-19 também ameaça criar uma "geração do confinamento" de jovens forçados a correr para se atualizarem no mercado de trabalho durante ao menos 10 anos.

Brasil e Estados Unidos acima de todos

A organização também ressaltou os problemas específicos dos Estados Unidos e do Brasil.

É "preocupante" que o mercado de trabalho dos EUA continue “difícil” enquanto outros países que suavizam seus isolamentos tenham começado a ver recuperações modestas, disse Sangheon Lee, diretor do Departamento de Políticas de Emprego da entidade.

No Brasil , existem “bons motivos para estar preocupado tanto com a trajetória da pandemia quanto com sua capacidade de adotar o tipo certo de medidas (para o ambiente de trabalho) para reagir a ela”, disse Ryder.

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Nesta quarta-feira, o Ministério da Economia informou que o Brasil fechou 1,1 milhão de postos de trabalho com carteira em março e abril deste ano , quando tiveram início as medidas de isolamento necessárias para conter o avanço do novo coronavírus (Sars-Cov-2).

Para OIT, situação dos jovens é alarmante

Ao apresentar o relatório à imprensa, o diretor-geral da OIT pediu aos governos que "prestem muita atenção a essa geração do confinamento" para evitar que ela seja afetada pela crise no longo prazo. E explicou que os jovens são desproporcionalmente afetados pela crise, devido a perturbações no mercado de trabalho, na educação e na formação.

“Os jovens serão simplesmente deixados para trás, e em grande quantidade”, afirmou. “O perigo é este choque inicial nos jovens durar uma década ou mais. Isso afetará a trajetória (do emprego)...no decorrer de suas vidas profissionais”.

De acordo com um estudo da OIT, entre menores de 29 anos, um em cada seis jovens entrevistados parou de trabalhar desde o surgimento da Covid-19. E aqueles que mantiveram seus empregos viram seu horário de trabalho diminuir em 23%.

Além disso, cerca de metade dos jovens estudantes relata um "provável atraso" na conclusão completa de seus estudos, enquanto 10% deles acreditam que não serão capazes de concluí-los.

Com uma taxa de 13,6% em 2019, o desemprego juvenil já era maior do que em qualquer outro grupo populacional. Pelo menos 267 milhões de jovens estavam desempregados, não frequentavam a escola, nem cursos profissionalizantes.

Os jovens de 15 a 24 anos que trabalhavam, geralmente mantinham formas de emprego que os tornavam mais vulneráveis, porque eram empregos mal remunerados, ou informais, ou devido à sua condição de trabalhadores migrantes.

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"A crise econômica causada pela Covid-19 está atingindo os jovens - especialmente as mulheres - com mais força e rapidez do que outros grupos populacionais", disse Ryder, citado no comunicado. "A menos que sejam tomadas medidas urgentes para melhorar sua situação, talvez tenhamos de suportar o legado do vírus por décadas", acrescentou.