Recuperação judicial pode ajudar em negociação com BNDES, diz Latam

Subsidiária brasileira não entrou no pedido de recuperação judicial feito nos EUA

Roberto Alvo, presidente da Latam, falou após pedido de recuperação judicial da empresa nos Estados Unidos
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Roberto Alvo, presidente da Latam, falou após pedido de recuperação judicial da empresa nos Estados Unidos

O presidente da Latam, Roberto Alvo, acredita que o processo de recuperação judicial da companhia nos Estados Unidos poderá favorecer as negociações da aérea por um aporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que passaria a ter preferência em caso de quebra da companhia.

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"A reabilitação oferece opções interessantes para o BNDES participar", disse Alvo em entrevista a jornalistas da América Latina para explicar a decisão da companhia em entrar com pedido de proteção judicial nos Estados Unidos, o chamado "Capítulo 11". A empresa negocia um aporte de R$ 2 bilhões com o BNDES.

O pedido de recuperação judicial da Latam nos EUA não inclui a subsidiária brasileira. Vale apenas para a matriz no Chile e para as subsidiárias no Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos.

As famílias Cueto e Amaro e a Qatar Airways, acionistas da companhia, se comprometeram a fazer um empréstimo de US$ 900 milhões nessas condições, valor que pode chegar a US$ 1,3 bilhão.

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"Seguimos com as conversas com o BNDES. Creio que a estrutura que o banco propôs é complexa, mas queremos que os países entendam a importância da aviação para a economia. Nenhuma linha aérea no mundo conseguirá sobreviver sem ajuda", disse Alvo.

Segundo o executivo, a decisão de recorrer ao "Capítulo 11" nos EUA se deve ao fato de que quase 95% da dívida de US$ 10 bilhões ser contraída pela matriz chilena, em contratos regidos pela lei norte-americana. A empresa manterá as ações sendo negociadas na bolsa do Chile.

Demissões

Alvo afirmou que a empresa terá de tomar "decisões complexas nas próximas semanas para ajustar a demanda" e não descartou demissões . "Lamentavelmente temos que reduzir pessoal e principalmente cortar pessoas que estavam fazendo bem seu trabalho. O Chapter 11 permite adequar a estrutura da companhia de maneira mais rápida e eficiente".

O tamanho dos cortes, segundo ele, vai depender do comportamento da demanda. "Vamos redirecionar a companhia em relação a demanda que existe, mas mantendo uma flexibilidade para crescer rapidamente se surgir uma cura. Difícil prever como a indústria vai evoluir nos próximos dois ou três anos. Acho que não vai se recuperar no curto prazo", afirmou.

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Alvo ressaltou que o pedido de  recuperação judicial foi uma decisão voluntária e que normalmente esse processo nos EUA dura de 12 a 18 meses. "É a melhor opção para a companhia se estruturar financeiramente, sem afetar a integridade operacional. Vamos seguir retomando voos na medida em que as restrições sanitárias e de voos forem sendo retiradas e a demanda retome", explicou.