Até R$ 28 mil: auxílio durante a pandemia pode ser 15 vezes maior fora do Brasil

Levantamento mostra que autônomos têm direito a valores até 15 vezes maiores do que os R$ 600 propostos pelo governo Bolsonaro

Brasileiros que trabalham fora do país têm direito a auxílios financeiros bem maiores
Foto: Pixabay
Brasileiros que trabalham fora do país têm direito a auxílios financeiros bem maiores

Nesta semana, o auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais e de R$ 1.200 para mães que são chefes de família começou a ser pago pelo Governo Federal. O objetivo é evitar que esta população, uma das mais atingidas pela paralisação causada pela pandemia do Covid-19 , fique sem renda e possa se manter durante o período de isolamento.

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O valor determinado pelo governo brasileiro, entretanto, chega a ser até 15 vezes menor do que o oferecido por outros governos pelo mundo. Com isso, brasileiros que moram e trabalham fora do país acabam tendo direito a receber auxílios maiores e que dão mais segurança para o enfrentamento da crise, que não tem data definida para terminar e pode se prolongar por três meses ou mais.

Comparação dos benefícios pelo mundo

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Autônomos que pediram auxílio na Alemanha foram notificados do depósito via celular




Representando cerca de 63% do salário mínimo vigente no Brasil , o valor da ajuda emergencial foi definido em discussão durante votação no congresso nacional e auxiliará a população que se encontra em situação informal no mercado de trabalho, ou seja, sem carteira assinada ou renda fixa.

Ao todo, com o pagamento das três parcelas , cada cidadão brasileiro terá direito a valores que variam de R$ 1.800 a R$ 3.600.

Na Alemanha , o governo liberou 356 bilhões de euros (cerca de R$ 2 trilhões) para auxiliar empresas e trabalhadores. Aos autônomos, foram disponibilizados 5 mil euros (mais de R$ 28 mil) a serem utilizados ao longo de três meses. Já empresas com até cinco funcionários receberão 9 mil euros, enquanto 15 mil serão repassados às empresas com até 10 trabalhadores.

Por se tratar de uma ajuda, o valor não precisará ser devolvido ao governo e é repassado ao solicitante de maneira bastante simples. Com um simples cadastro via internet, os freelancers ou proprietários de empresas só precisavam dar algumas informações pessoas, como endereço, registro social e dados bancários, para estarem aptos a receber o dinheiro.

Outro país que facilitou o acesso ao auxílio foi a Irlanda . O governo pagará 350 euros (quase R$ 2 mil) por semana enquanto a pandemia durar. Levando-se em conta a estimativa de três meses, cada solicitante terá direito a 4.200 euros (R$ 24 mil) para enfrentar a crise causada pela doença.

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As regras são bastante simples: é preciso ter entre 18 e 66 anos, morar no país e ter sido impactado financeiramente pelo Covid-19, seja por demissão, redução da jornada de trabalho ou pela paralisação da área de atuação. O pagamento é feito via transação bancária  e acontece a cada nova terça-feira.

Já nos EUA , imigrantes que tenham documentação e número do serviço social serão contemplados pelas ações do governo assim como os norte-americanos. A medida faz parte do pacote de US$ 2 trilhões (mais de R$ 10,3 trilhões) do ato de segurança econômica contra o novo coronavírus lançado por Trump.

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Para ter direito ao auxílio nos EUA, estrangeiros precisam estar legalizados no país

Para receber o cheque de US$ 1,2 mil (R$ 6,2 mil), o solicitante precisa ter feito a declaração do Imposto de Renda de 2019, que é exatamente de onde o governo irá resgatar os dados necessários para o envio do dinheiro, e ter uma renda inferior a US$ 75 mil. Casais terão direito ao valor dobrado, além de outros US$ 500 por cada filho, totalizando US$ 2,9 mil (R$ 15 mil).

No Reino Unido , o governo vai cobrir até 80% dos ganhos dos autônomos até o mês de junho. Com isso, eles terão um auxílio que será limitado a até 2.500 libras (cerca de R$ 15 mil). A medida abrange os informais que possuem receitas até 50 mil libras, ou seja, 95% da população autônoma.

O Canadá foi outro país que também facilitou o acesso ao dinheiro. Para ter direito ao auxílio de 2 mil dólares canadenses (R$ 7,4 mil) pelos próximos quatro meses, é preciso ter mais de 15 anos, residir no país, ter sido atingido economicamente pela pandemia e uma receitar de ao menos 5 mil dólares canadenses em 2019. Além disso, é preciso estar desempregado ou sem serviço por ao menos 14 dias.

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Na Austrália , tanto os brasileiros que são funcionários de alguma empresa como os autônomos terão direito ao auxílio, que é de 1,5 mil dólares australianos (cerca de R$ 5 mil) por até seis meses para poder enfrentar a crise.

No caso de quem é freelancer, só é preciso ter mais de 16 anos, ter cidadania ou visto permanente , confirmar que a renda foi reduzida desde o início da pandemia em 30% ou mais, ter declarado o imposto de renda no biênio 2018-2019 e não receber qualquer outro tipo de ajuda financeira do governo.

Países como Itália, Espanha e Portugal também incluíram os autônomos nos pacotes de ajuda financeira , mas com auxílios um pouco menores, que ficam abaixo da faixa de 1 mil euros.

Já na França , que garantiu cerca 1,5 mil euros (R$ 8,6 mil), e na Dinamarca, que ajudará com 75% dos ganhos ou até 23 mil coroas dinamarquesas (cerca de R$ 17 mil), os brasileiros também estão bem protegidos.