"Pensar em restrições fiscais agora seria suicídio para sociedade", diz Maia

Presidente da Câmara dos Deputados afirmou que governo está sendo lento no envio das medidas emergenciais ao Congresso

Rodrigo Maia, presidente da Camara, diz acreditar que 'Pensar em restrições fiscais agora seria suicídio para sociedade'
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Rodrigo Maia, presidente da Camara, diz acreditar que 'Pensar em restrições fiscais agora seria suicídio para sociedade'

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia , afirmou que com o chamado 'Orçamento de guerra' será possível segregar as despesas emergenciais que serão feitas este ano e evitar que elas contaminem o Orçamento de 2021. "Mas o governo não pode achar que vai sair dessa situação e ter uma política fiscal 100% restritiva. Isso seria um suicídio para a sociedade", avaliou.

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Maia disse que a equipe econômica terá que avaliar, a partir do segundo semestre, projetos que ajudem a recuperar a atividade econômica. O importante, disse, é não contaminar o orçamento futuro com os gastos que serão necessários agora.

"A intenção da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), com as medidas de socorro à economia , é organizar os gastos do presente e proteger o orçamento futuro. Mas ninguém está olhando restrições fiscais agora. Isso seria um suicídio para a sociedade. A PEC traz previsibilidade e controle dos gastos. Ninguém vai mexer no teto de gastos e criar despesas futuras, embora haja pressão para isso", afirmou o presidente da Câmara.

Maia afirmou que a crise na relação entre o Executivo e o Parlamento não vai atrapalhar a votação das medidas emergenciais para minimizar os impactos da pandemia de coronavírus na economia brasileira, mas ele observou que o governo não pode ficar dando desculpas e transferir toda a responsabilidade de aprovação do pacote de socorro para o Congresso. Maia disse que assim que o "Orçamento de guerra" chegar ao Congresso as medidas serão aprovadas de forma rápida, para que a partir da próxima semana possam ser implementadas.

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Ele disse que o 'estado de calamidade' que vai durar até o final do ano, o governo já tem instrumentos para tomar as medidas que envolvem gastos. Dizer que não pode tomar medida nenhuma é 'besteira', criticou Maia. Ele afirmou que relação entre o Parlamento e o governo não se encaminhou para um afastamento definitivo por causa da crise, e que esta é a oportunidade para o governo voltar a 'azeitar' a relação. Mais lembrou as criticas que o presidente Jair Bolsonaro fez ao Congresso e ao Supremo durante a convocação para as manifestações a favor de seu governo.

"Se o governo não tem apoio no Parlamento, as medidas de enfrentamento da crise têm o apoio dos parlamentares. Todos os partidos estão participando. Mas é preciso que o governo envie a PEC. As votações serão encaminhadas rapidamente pela Câmara e pelo Senado, assim que recebermos", disse Maia nesta quarta-feira durante teleconferência promovida pelo Bradesco BBI.

Ele disse que a proposta de renda mínima, por exemplo foi elaborada pelo Congresso, ouvindo técnicos do governo. "Organizamos e aumentamos o valor. O ideal é que o Congresso trabalhe integrado ao governo. Queremos ver as ideias do Executivo em relação à flexibilização das regras trabalhistas e fazer adaptações se necessário. Mas precisamos saber o que o governo está pensando sobre o tema", afirmou.

Perguntado se seria favorável á proposta de 'confisco' de parte do lucro de grandes empresas para ajudar no socorro a setores mais prejudicados, Maia disse que nessa hora muitas pessoas trazem ideias ao Parlamento. Ele disse que não se pode desorganizar o setor privado nesse momento, mas que todas a sociedade terá que dividir a conta dos gastos extras.

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"Não é hora de pensar em como financiar as medidas. Quem tem que financiar é o Estado e pronto, mas vai ser necessário fazer uma repactuação com toda a sociedade. O Brasil terá recessão e todos vão ter que se adequar, setor público e privado. Mas agora não é hora de gerar instabilidade. Vamos focar nas soluções e depois estimar o tamanho do gasto, se 8%, 9% ou 10% do PIB. O importante é garantir o emprego e a solvência das empresas", afirmou.