Bolsa abre com queda de 12% e tem novo circuit breaker; dólar beira os R$ 5
Disseminação do coronavírus segue levando pânico ao mercado; na Europa, índices operam com quedas superiores a 10%
Por Brasil Econômico | - com informações da Agência O Globo |
Cerca de meia hora após a abertura dos negócios, a Bolsa de São Paulo suspendeu suas operações. Às 10h26, quando registrava queda de 12,53%, aos 72.321 pontos, foi acionado o mecanismo conhecido como 'circuit breaker'. Assim, as negociações ficam paralisadas por meia hora. O mesmo mecanismo também foi acionado em Nova York, após os principais índices terem aberto com quedas acima de 9%. Na Europa, as perdas são superiores a 10%. No câmbio, o dólar sobe 2,33%, valendo R$ 4,971.
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A moeda norte-americana abriu com forte alta e, na máxima da manhã, chegou a operar a R$ 4,981, ainda abaixo do valor máximo atingido na semana passada, que superou a marca de R$ 5.
Na véspera, em um movimento extraordinário, o Federal Reserve ( Fed , o Banco Central dos Estados Unidos) zerou os juros da economia americana. A medida, porém, teve pouco impacto diante de tamanha tensão nos mercados provocada pela pandemia do novo coronavírus .
No exterior, os principais índices acionários desabam. Na Europa, a Bolsa de Londres (FTSE 100) cai 7,11%. Em Paris (CAC) e Frankfurt (DAX), as quedas são de, respectivamente, 9,82% e 8,55%.
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O maior tombo é registrado na Bolsa de Madri, com o índice Ibex 35 operando com desvalorização de 10,23%. Na Espanha, o governo decretou quarentena nacional, determinando que todos os cidadãos fiquem confinados em suas casas e saiam apenas para comprar comida, ir para o trabalho, procurar atendimento médico ou ajudar os idosos e outras pessoas necessitadas.
"Cortes de juros ajudam neste momento, uma vez que a liquidez se torna um problema nos mercados. Mas o que preocupa os investidores é justamente a falta de um pacote amplo e claro de medidas na parte fiscal", diz Italo Lombardi, economista para América Latina do Crédit Agricole.
Lombardi, que fica sediado em Nova York, avalia que os Bancos Centrais já fizeram o que podiam. Na sua leitura, é preciso que os governos apontem quais medidas vão tomar para garantir a operação de setores duramente afetados pelas quarentenas:
"A parte monetária já foi feita. O que espera-se nesse momento é um plano para resgatar vários setores que podem quebrar. É difícil imaginar que o setor de aviação e de varejo, por exemplo, vão ficar bem, em um rápido período, depois de tudo que está acontecendo".
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No Brasil, Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu facilitar a renegociação de dívidas e concessão de crédito, um pacote cujo impacto pode chegar a R$ 3,2 trilhões. Na Europa, o Banco Central do continente liberou 100 bilhões de euros para os bancos, com o objetivo de manter o fluxo de crédito na região.