China determina aumento na produção de alimentos por crise do coronavírus
Exportações de carne do Brasil podem ser impulsionadas, dizem executivos
A China ordenou ao setor agropecuário, nesta quinta-feira (30), que aumente sua produção, no momento em que o surto do novo coronavírus interrompe as redes de distribuição de alimentos e que os preços das verduras estão em alta.
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A província de Hubei está isolada do mundo,
o tráfego ferroviário foi suspenso, e as barreiras improvisadas que bloqueiam as estradas - uma iniciativa das autoridades chinesas para tentar conter a epidemia
- também alteram as redes logísticas.
"É impossível transportar verduras e outros produtos (...) das aldeias até as cidades e é difícil repor a tempo os estoques de alimentos para o gado e para as aves de criadouro", afirmou o governo em um comunicado.
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O índice Shuguang,
que mede os preços das hortaliças nos mercados, pulou nos últimos dias, alcançando seu nível mais alto em quase quatro anos, informou a agência oficial Xinhua.
Nos últimos meses, a inflação dos preços da carne de porco
já havia subido, devido aos estragos da febre suína.
Agora, os fornecedores de alimentos para o gado devem "acelerar" sua produção para atender à demanda, e os matadouros devem "inflar sua oferta de carne", insistiram hoje os Ministérios da Agricultura, Transporte e Segurança Pública em seu comunicado conjunto.
Tradicionalmente, as empresas agroalimentícias e os matadouros fecham as portas durante as férias do Ano Novo Lunar.
Ainda segundo o comunicado, que não anunciou medidas específicas, "é necessário (...) coordenar ativamente as zonas de produção e venda das hortaliças com o objetivo de estabelecer conexões estáveis (...) para garantir o bom abastecimento da cesta de verduras".
Enquanto isso, os maiores frigoríficos do Brasil, JBS e BRF, avaliam que a disseminação de um coronavírus na China pode ajudar a impulsionar a demanda chinesa por seus produtos, ao levantar preocupações quanto à segurança alimentar no país.
Um executivo, no entanto, ponderou que as vendas podem ser prejudicadas por demandas agressivas de compradores chineses por descontos.
O presidente da BRF, Lorival Luz, afirmou que a epidemia pode aumentar vendas de produtos de carne congelados
e processados na China "por motivos de segurança alimentar".
— Lembre-se de que o vírus supostamente teve início em um mercado na China onde eram vendidos animais vivos — disse Luz, nos bastidores de um evento em São Paulo na quarta-feira . — Todos os produtos de carne congelada e processada da BRF passam por checagens de segurança no Brasil antes de serem exportados globalmente."
O presidente da JBS, Gilberto Tomazoni, afirmou durante o mesmo evento em São Paulo que a China elevou importações de carne durante a epidemia de Sars nos anos 2000.
As importações chinesas de carne brasileira já saltaram recentemente após o surto de peste suína africana que dizimou o rebanho de porcos do país.
Tomazoni disse esperar que os impactos da peste suína sobre o mercado global de carnes tenham seu auge neste ano.