Brechó é chique: moda chega ao mercado de luxo e vai ultrapassar fast fashion

Comprar roupas e diversificados itens já usados se tornou sinônimo de estilo e sofisticação. Empresa ligada ao mercado teve 200% de aumento nas vendas

Foi-se o tempo que brechó era sinônimo de pó, pulgas, peças antiquadas e, principalmente, preços baixos. Esses espaços foram transformados em verdadeiros relicários com itens já usados e antigos que resistem ao tempo porque têm qualidade e estilo.

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A moda segue uma mudança de atitude: hoje ser fashion é muito mais que copiar os modelitos das passarelas. Reutilizar os trajes se tornou cool, graças à tecnologia que permitiu a criação de sites e aplicativos de vendas, e à consciência ambiental, que levou os consumidores a se preocuparem com o seu impacto no planeta.

GRIFE As sócias Juliana Lucki (à esq.) e Luciana Lerner: vendas em alta (Crédito:Marco Ankosqui)

Uma pesquisa realizada pelo e-commerce ThredUp 2019 comprovou essa tendência: até 2028, o mercado de roupas usadas nos EUA valerá US$ 64 bilhões, mais que o mercado de fast fashion , que ficará com US$ 44 bilhões.

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“Passamos por um momento de ressignificar o novo. O mundo está buscando mais autenticidade e sustentabilidade ”, diz André Carvalhal, especialista e consultor de moda e comunicação.

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ÚNICA Flavia Pivatelli encontrou sua Chanel no brechó: peça fora de linha (Crédito:Marco Ankosqui)

As irmãs e sócias Daniela Carvalho, de 32 anos, e Gabriela, de 28, do brechó de luxo online Peguei Bode, percebem que muita coisa mudou desde a sua fundação, há oito anos.

O site de consignação conecta compradores com vendedores de roupas, sapatos e itens de grifes consagradas, com preços que vão de R$ 200 a R$ 20 mil.

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“Quando começamos, muita gente não queria vender, diziam que não precisavam do dinheiro. Hoje todo mundo quer, mesmo para doar o valor para instituições. Virou um hobby ”, diz Gabriela.

O carro-chefe da empresa Troca de Luxo, que também vende acessórios, joias e relógios, são as bolsas. A sócia-fundadora Juliana Lucki, de 38 anos, conta que no início do negócio, em 2012, sofreu preconceito por vender peças de segunda mão.

“Em um evento num clube da alta sociedade, uma senhora pegou uma bolsa que estava à venda. Quando falei que era usada, ela largou com repulsa. Hoje é o contrário, as pessoas querem tê-las”, diz Juliana, que comemora o crescimento de 200% nas vendas.

Foi ali que a designer de joias Flavia Pivatelli, de 36 anos, conseguiu encontrar uma bolsa de edição limitada da Chanel que não está mais disponível nas lojas. Além de comprar, ela gosta de desapegar, afinal, armário lotado não está com nada.

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“Quando entra uma peça, sai duas”, afirma. “Também troco muita coisa com minhas irmãs. Por que não renovar?” Engana-se quem pensa que apenas os últimos lançamentos são capazes de proporcionar estilo. Chique agora é frequentar brechós .