Governo se reúne com bancada evangélica para evitar mudanças na reforma

Secretário do Ministério da Economia apresentou portaria sobre pensão por morte aos integrantes da bancada evangélica para evitar alterações

Como parte da estratégia do governo para evitar a desidratação na reforma da Previdência, o secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, se reuniu nesta terça-feira (6) com integrantes da bancada evangélica. O objetivo do governo é evitar alterações principalmente nas regras de pensão por morte, que é o ponto mais sensível texto. 

Ponto mais delicado da reforma a ser discutido com a bancada evangélica é a pensão por morte
Foto: Rafael Carvalho/Governo de Transição
Ponto mais delicado da reforma a ser discutido com a bancada evangélica é a pensão por morte

A votação da reforma da Previdência em segundo turno irá começar nesta terça-feira. Durante a análise da proposta em primeiro turno, em julho, a votação sobre a pensão por morte foi a que teve o placar mais apertado para o governo.

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni,  minimizou a chance de os atritos recentes do presidente Jair Bolsonaro com governadores do Nordeste atrapalhar a aprovação da reforma da Previdência em segundo turno na Câmara dos Deputados.

A reforma acaba com a pensão integral e propõe o pagamento de 60% do valor do benefício, mais 10% por dependente. Marinho costurou um acordo com a bancada evangélica para que a pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou ao companheiro e aos seus dependentes não poderá ser menor do que um salário mínimo, quando se tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente.

Uma portaria apresentada por Marinho define o que é renda formal para fins de concessão do benefício. Segundo Marinho, a portaria contempla a preocupação da bancada evangélica ao assegurar que nenhum benefício será inferior a um salário mínimo.

O governo considera renda formal rendimentos mensais constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) do INSS. O aluguel, por exemplo, está fora desse critério.

"Havendo o quorum hoje a gente começa as discussões e temos um prazo de até três dias para concluir a votação da reforma em segundo turno", disse Marinho.

Para evitar mudanças na pensão, o governo vai aos deputados apresentar estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne 36 países.

O levantamento mostra que os gastos com pensão por morte no Brasil correspondem a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB), sem considerar as Forças Armadas. É o maior índice entre os países analisados. A média na OCDE para esse tipo de benefício é de 1%.

Durante a votação em segundo turno, apenas poderão ser apresentados propostas para retirar pontos do texto da reforma . A oposição terá direito a sete destaques, dois a menos do que tiveram na votação anterior. Já os partidos favoráveis à reforma costuram acordo para que não ocorram mais destaques, o que aceleraria a votação.