Novo plano de socorro aos estados está pronto, diz secretário do Tesouro

Mansueto Almeida afirmou que projeto já pode ser enviado ao Congresso, mas depende de uma decisão política para começar a tramitar no Congresso

Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Mansueto Almeida, secretário do Tesouro Nacional

O novo plano do governo federal para socorrer estados e municípios em crise está pronto e aguarda apenas uma decisão política para ser apresentado, disse nesta segunda-feira o secretário do Tesouro Nacional , Mansueto Almeida. O programa permitirá que os entes tomem empréstimos em bancos públicos e privados com garantia da União, desde que apresentem medidas de ajuste fiscal. 

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A linha de crédito deve ser de algo em torno de R$ 10 bilhões, ou um pouco menos. Chamado de Plano de Equilíbrio Fiscal ( PEF ), a medida é uma das principais demandas de governadores, que criticaram, na semana passada, a demora da equipe econômica para apresentar os detalhes do plano.

"O PEF está pronto. Do ponto de vista de Tesouro, a gente acabou. Já está escrito, já passou pela PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional). Está dependendo de decisão política para ver o momento adequado do envio ao Congresso", anunciou Mansueto , cujo nome serve de apelido para o novo pacote, uma alcunha da qual ele diz, brincando, não gostar.

O programa será aberto para todos os estados, mas, na prática, só deve ser vantajoso para alguns. Isso porque o principal benefício do pacote é o acesso a empréstimos com garantia da União. Hoje, 12 entes já têm direito a tomar esse crédito, por terem capacidade de pagamento nota A ou B, de acordo com a classificação feita pelo Tesouro .

O plano também não é o mais indicado para os entes mais endividados do país, que são Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e têm nota D. Para esses, a melhor ajuda seria o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), já em vigor e ao qual só o Rio aderiu até agora. Minas e Rio Grande do Sul já negociam o ingresso no regime.

O foco do novo plano, portanto, é atender os 12 estados restantes, os que têm nota C. Para esse grupo, o principal problema não é o alto endividamento, mas sim o fluxo de pagamentos. Por isso, o RRF não ajuda. Isso inclui, por exemplo, Goiás e Rio Grande do Norte, que já chegaram a decretar calamidade financeira.

O PEF faz parte de um conjunto de ações para ajudar estados, que inclui ainda o compartilhamento de recursos do megaleilão de petróleo previsto para outubro. O certame permitirá que petroleiras explorem uma área do pré-sal que fez parte de um acordo entre a União e a Petrobras em 2010, o chamado contrato de cessão onerosa.

A estatal ganhou o direito sobre essa área, mas, depois, descobriu-se que havia mais óleo que o previsto. O que vai a leilão é o excedente de petróleo dessa região. A empresa ou consórcio que ganhar terá que pagar um bônus de R$ 106 bilhões ao governo.

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Mansueto explicou que ainda não há detalhes sobre uma possível antecipação da divisão desse dinheiro. O ministro da Economia, Paulo Guedes , já disse que o governo estuda antecipar o pagamento de R$ 4 a R$ 6 bilhões a estados, caso a reforma da Previdência avance no Congresso.

O leilão está previsto para o fim de outubro, mas os recursos podem entrar nos cofres públicos até meses depois, dependendo do que for definido no edital do certame. Do valor total, o governo terá que pagar ainda R$ 33,3 bilhões, pela repactuação do acordo.