Para Maia, governo se omitiu sobre a reforma: "Enviar projeto só não adianta"
Após aprovação do parecer na CCJ, o presidente da Câmara voltou a atacar a articulação do governo, citando participação negativa de Bolsonaro quando este reafirma que 'não gostaria de fazer, mas é preciso'; confira declarações
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou mais participação do Executivo na articulação para aprovação da reforma da Previdência. Segundo ele, "o governo se omitiu" após entregar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/19 ao Congresso e "Enviar projeto só não adianta". A declaração dele foi feita logo na sequência da aprovação do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.
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Para Maia , o governo deve assumir o papel de defensor da reforma, para fazer o País voltar a gerar emprego e assegurar o pagamento das aposentadorias. "O governo se omitiu, basicamente tirando a participação do Onyx [Lorenzoni, ministro-chefe da Casa civil] e um pouco a participação do presidente. Mas [a de Bolsonaro] sempre do lado negativo: ‘Eu sou contra, mas sei que o Brasil quebra [se a reforma não for aprovada], afirmou o presidente da Câmara na noite desta terça-feira (23), em entrevista à Globo News .
Após mais de nove horas de discussão em mais uma sessão tumultuada, o governo conseguiu vencer a primeira etapa de tramitação da reforma da Previdência , aprovando o relatório do deputado Marcelo Freitas (PSL-MG), favorável à admissibilidade da proposta, por 48 votos a favor e 18 contra. As dificuldades da tramitação, no entanto, revelaram que o governo precisará aprimorar a articulação política para enfrentar a próxima fase, a comissão especial, na qual é discutido o mérito do projeto.
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"Nós queremos que ele [Bolsonaro] entenda que, se ele representa todos os 200 milhões de brasileiros, que se ele aprovar a Previdência, ele vai garantir aposentadoria para os brasileiros e emprego para os brasileiros. Quem é contra quer olhar um passado que vivemos em 2014, 2015, que foi a pior recessão da nossa História. Temos mais de 13 milhões de desempregados, mais de 15 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza. Precisamos mudar isso. É por isso que o governo precisa assumir esse papel, essa clareza. [Que ele] ponha ar dentro do peito e diga: é importante para o Brasil e para os brasileiros", defendeu Maia.
Governo não tem base para aprovar projetos polêmicos
Segundo Maia, o governo não tem votos para aprovar qualquer matéria polêmica hoje. Ele disse que tem percebido mais ‘vontade de acertar’ do governo, destacando mais uma vez o ministro Onyx. Para o presidente da Câmara, com um bom diálogo mostrando qual é o projeto do governo para o futuro, é possível conquistar os votos e construir a base de apoio.
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"O sistema democrático não é um sistema autocrático onde o presidente impõe a sua posição. Vivemos em uma democracia, e a decisão de hoje [madrugada de quarta-feira (24)] reafirma a nossa democracia: a Câmara forte, a Câmara votando independente do governo. Mas chega uma hora em que é fundamental o governo participar numa votação tão importante como essa. Só encaminhar o projeto não adianta", atacou o presidente da Câmara sobre a nova Previdência, que segue para a avaliação dos parlamentares na comissão espacial.