Pedro Guimarães, presidente da Caixa, anunciou novas regras para concessão do Minha Casa Minha Vida
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Pedro Guimarães, presidente da Caixa, anunciou novas regras para concessão do Minha Casa Minha Vida

Após deficit de R$ 2,8 bilhões com a inadimplência no programa Minha Casa Minha Vida no último trimestre de 2018, a Caixa Econômica Federal passará a avaliar a capacidade de pagamento das contas de luz e água para conceder o benefício a quem requisitá-lo. A informação foi dada pelo próprio presidente do banco público, Pedro Guimarães, em entrevista à  Folha de S.Paulo .

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Segundo o líder da estatal, 70 mil imóveis foram devolvidos e 80 mil obras, suspensas por conta da inadimplência. Para ele, a justificativa para isso é, justamente, não avaliar corretamente os riscos antes de conceder o benefício. Os gastos dos moradores com condomínio e outras contas relacionadas ao imóvel, como água e luz, não eram levados em consideração no Minha Casa Minha Vida .

"As pessoas que tomaram esse empréstimo tinham condição de pagar? Isso não estava colocado corretamente no risco de crédito", justificou Pedro Guimarães . A intenção é levar beneficiários enquadrados como bons pagadores para faixas de operação mais atrativas para a Caixa.

Alinhado neste início de governo ao ministro da Economia, Paulo Guedes, Guimarães já disse estar preparando uma agressiva venda de ativos do banco público. Além disso, ele diz defender o papel da Caixa como financiadora de investimentos públicos e políticas de governo. "Somos um banco social e temos de ganhar dinheiro com isso", afirmou.

Desde que assumiu, Guimarães conseguiu criar o cartão de crédito consignado , modelo que pretende expandir pelo País. Segundo ele, a meta é atingir 20 milhões de cartões em quatro anos. Atingir menos de metade desse valor (10 milhões) seria "um fracasso", ele reforçou, dando indício da importância do projeto.

Minha Casa Minha Vida vai encolher? O que muda?

Corte de gastos do governo federal afeta diretamente o programa Minha Casa Minha Vida
Fernando Frazão/Agência Brasil
Corte de gastos do governo federal afeta diretamente o programa Minha Casa Minha Vida

De acordo com o presidente do banco público, "quem decide se vai ter dinheiro é o Ministério da Economia" e a ideia é tornar mais rígida a liberação do benefício, evitando a inadimplência . "Essas pessoas, muitas vezes, vinham de comunidades, não estavam acostumadas a pagar condomínio, água, luz, energia, esgoto, sem falar no transporte. Quando foram para esses imóveis, passaram a pagar. Isso [falta de condição para pagar todas as despesas com o imóvel] explica 70 mil imóveis devolvidos. O Minha Casa deveria incluir esses gastos extras no cálculo do risco", afirmou.

"Não posso emprestar sabendo que não vou receber. A ideia é levar o bom pagador da faixa 1,5 para a 2 [que é mais elevada]". Os imóveis têm valores parecidos, mas, para a Caixa, a parcela do financiamento sobe. "Só vamos retomar imóveis [por conta da inadimplência] depois de seis meses. Antes, com 59 dias, o banco já tomava, e esse custo é alto", disse Guimarães.

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"Quando há contingenciamento [de recursos], a gente não consegue emprestar. Essa regra vale para as faixas 1,5, 2 e 3. Em novembro, [o governo] já não estava pagando ao Minha Casa Minha Vida ", afirmou o presidente, ao citar o corte de gastos do governo federal.

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