Diante da possibilidade de greve, BNDES prepara linha para transporte de carga
Em nota, BNDES afirmou que não haverá subsídios e que condições serão 'compatíveis com a receita dos caminhoneiros'; ação pretende evitar greve
O BNDES informou, nesta terça-feira (16), que está desenhando, em parceria com o Ministério da Economia, uma linha de financiamento voltada para o segmento de transporte de carga. A medida faz parte de um pacote que o governo elabora como um aceno aos caminhoneiros, com o objetivo de dispersar qualquer possibilidade de uma nova greve da categoria . De acordo com o banco, a linha não contará com subsídios e terá "condições compatíveis com a receita dos caminhoneiros".
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"O BNDES é um órgão de Estado e implementador de políticas públicas. Então, responde de forma técnica às necessidades da sociedade e objetivos do governo. No caso, o foco para o banco é dar mecanismo para os caminhoneiros preservarem o ativo que compraram com o financiamento feito lá atrás", disse o banco de fomento em nota enviada a jornalistas. "Um caminhão bem tratado dura muitos anos e é amortizado com ganho para o caminhoneiro e segurança para o emprestador e os que estão nas estradas."
Segundo o banco, os detalhes da linha de financiamento ainda estão sendo discutidos com o ministério.
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"Mas o ponto central é que não haverá subsídio - e as condições serão compatíveis com a receita dos caminhoneiros e adequadas à capacidade dos bancos que vão distribuir na ponta", acrescentou a nota. "Estamos assim focando os instrumentos que já dispomos para dar uma resposta efetiva e transparente a uma situação real de preservação de investimento feito com sacrifício."
No passado recente, o BNDES implementou plano multibilionário de incentivo à compra de caminhões. Por meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), o banco — fortalecido por empréstimos do Tesouro Nacional — financiou a aquisição de 770 mil veículos entre 2009 e 2016 para transportadoras e caminhoneiros autônomos com juros subsidiados. Em junho de 2009, a taxa de juros do crédito para caminhões no BNDES caiu de 13,5% para 4,5% ao ano. Mais tarde, seria reduzida ainda mais. Em boa parte do tempo, financiou até 100% do valor dos veículos a cerca de 2% ao ano e prazo de até oito anos para pagar.
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O programa do BNDES
fez parte da estratégia de combater os efeitos da crise financeira global de 2008 estimulando ao mesmo tempo o investimento em bens de capital e a expansão da indústria automotiva pesada. Mas o plano seria posteriormente criticado por ter inflado o balanço do banco e por ter expandido excessivamente o tamanho da frota de caminhões.