Gastos com pessoal nos estados cresceram quase três vezes mais que o PIB em 2018

Entre as 23 unidades federativas verificadas, Ceará e Rondônia lideraram o aumento das despesas com servidores ativos e inativos, respectivamente

O Ceará, do governador Camilo Santana (PT), liderou o crescimento dos gastos com servidores ativos em 2018: 12,79%
Foto: Arquivo/Agência Brasil
O Ceará, do governador Camilo Santana (PT), liderou o crescimento dos gastos com servidores ativos em 2018: 12,79%

Os gastos com pessoal em 23 estados tiveram um aumento real médio de 2,9% em 2018 frente a 2017. O resultado, divulgado nesta segunda-feira (15) pelo Ipea (Instituito de Pesquisa Econômica Aplicada), é quase três vezes superior ao crescimento de 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) no mesmo período.

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Segundo levantamento do instituto, os gastos com servidores inativos mantiveram uma trajetória ascendente, alcançando uma taxa média de crescimento de 7,6% em 2018. A porcentagem é dez vezes maior que o aumento das despesas com os ativos, que fecharam o ano passado em 0,7%. 

A análise se refere a apenas 23 estados porque não foi possível construir indicadores com os dados disponíveis para Amapá, Rio Grande do Norte e Roraima, nem com os existentes sobre inativos no Piauí. Esse conjunto de 23 estados gastou com pessoal, em valores reais, mais de R$ 373 bilhões em 2018. O montante inclui servidores ativos e inativos. 

Rondônia (22,8%) e Tocantins (17,1%) foram os estados que registraram maior crescimento nos gastos com inativos. Das 23 unidades federativas (UFs) consideradas, apenas Rio de Janeiro e Sergipe não apresentaram aumento em 2018. Considerando apenas servidores ativos, 14 estados tiveram crescimento nos gastos, liderados por Ceará (12,79%) e Pará (8,52%). 

Cláudio Hamilton dos Santos, um dos autores do estudo e pesquisador do Grupo de Conjuntura do Ipea, explica que, ao se considerar os números de servidores, o crescimento dos gastos com inativos não surpreende. “Esse cenário reflete o alto número de novas aposentadorias, fenômeno que já vem ocorrendo há alguns anos”, avaliou.

Chama mais a atenção, segundo o pesquisador, o fato de vários estados terem apresentado crescimento nos gastos com ativos, o que não vinha acontecendo em anos recentes. “Talvez por ter sido um ano eleitoral, o fato é que vários estados apresentaram pequenos aumentos nos quadros de servidores estatutários em 2018”, comentou Santos.

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Na análise do quantitativo de servidores em 2018, dois estados apresentam número de inativos maior que o de ativos: Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Os mineiros fecharam o ano com 283.614 inativos e 245.319 ativos. Já os gaúchos encerraram o mesmo período com 167.532 inativos e 107.906 ativos.