Após reforma, generais ganharão quase o mesmo que o presidente da República

Proposta para a reestruturação das carreiras militares prevê um aumento de 82,35% nas gratificações; com isso, salário final ultrapassaria os R$ 30 mil

Se aprovada, a reestruturação das carreiras militares aumentará o salário dos generais em 33,33%, para R$ 30.175,04
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Se aprovada, a reestruturação das carreiras militares aumentará o salário dos generais em 33,33%, para R$ 30.175,04

Se a proposta para a reestruturação das carreiras militares for aprovada, os salários dos generais do Exército, almirantes da Marinha e tenentes-brigadeiros da Aeronáutica subirão dos atuais R$ 22.631,28 (com gratificações) para R$ 30.175,04, um aumento de 33,33%. O novo valor é bem próximo ao salário do presidente da República, atualmente em R$ 30.934.

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O salário básico desses militares de alta patente, chamado de soldo, é de R$ 13.471. Sobre esse valor, também incidem adicionais de habilitação (73%), caso tenham feito cursos de capacitação; de disponibilidade militar (41%), recebidos pelo trabalho sem jornada definida; e de representação (10%), pagos aos generais , almirantes e brigadeiros que chefiam unidades militares.

Combinados, os três adicionais trarão uma renda extra de R$ 16.704,04 a esses militares, 24% maior do que o próprio soldo. No total, serão pagos R$ 9.833,83 em adicionais de habilitação, R$ 5.523,11 de disponibilidade militar e R$ 1.347,10 em gratificações de representação. O salário final, de R$ 30.175,04, é apenas 2,45% menor que o de Jair Bolsonaro (PSL).

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Hoje, os generais, almirantes e brigadeiros recebem 30% do soldo (R$ 4.041,30) em adicionais de habilitação, 10% (R$ 1.347,10) em representação e mais 28% (R$ 3.771,88) em gratificações por tempo de serviço. Após a reestruturação das carreiras, eles terão que escolher entre este último e o adicional de disponibilidade.

Questionamentos

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
'Nossa última reestruturação foi em 2001. Sabemos o que é sacrifício', argumentou o general Eduardo Garrido Alves

Ontem (20), o general Eduardo Garrido Alves, assessor especial do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, rebateu os questionamentos sobre o reajuste nos adicionais dizendo que não se trata de uma medida de aumento salarial. "Nossa última reestruturação foi em 2001. Sabemos o que é sacrifício. Queremos valorizar a meritocracia e a experiência", argumentou.

O general ainda afirmou que o reforço nas gratificações é necessário para manter os militares capacitados para defender o Brasil. "Precisamos de Forças Armadas aptas, capazes e motivadas para defender um país de 8,5 milhões de km² e quase 17 mil km de fronteiras", defendeu.

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Garrido, contudo, não mencionou o fato de que a categoria recebeu um aumento de soldo recentemente, durante o governo de Michel Temer (MDB). O reajuste médio foi de 25,5% e englobou todos os militares ativos e inativos, além de pensionistas. O percentual foi dividido em quatro parcelas.