Acompanhando o presidente Jair Bolsonaro (PSL) em viagem oficial a Washington, nos Estados Unidos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, garantiu que o Brasil não vai se intrometer na guerra comercial entre China e Estados Unidos, que já se arrasta há quase um ano. O recado foi dado durante uma reunião com investidores e empresários na Câmara de Comércio norte-americana nessa segunda-feira (18).
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“Como disse o ministro Ernesto Araújo [Relações Exteriores], somos um país do Ocidente, somos uma democracia e sabemos quem nos inspira. Sabe quem tem mais investimento direto aqui nos EUA? Os chineses. Então por que não podemos fazer comércio com a China e deixar que eles invistam no Brasil, em ferrovias para transportar nossa soja?”, questionou o ministro.
O tópico preocupa autoridades brasileiras porque, desde o início da guerra comercial, os EUA vêm pressionando diversos países do mundo – incluindo o Brasil – a reduzir seus laços com a China e proibir a compra de equipamentos da Huawei, uma empresa chinesa recentemente acusada de espionagem e considerada, pelos EUA, uma ameaça a sua segurança.
No governo brasileiro, porém, as discordâncias ultrapassam o âmbito político-econômico e chegam ao campo ideológico. A ala mais ligada ao ministro Araújo e ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), por exemplo, exerga a China comunista como uma ameaça ao conservadorismo do governo. Os ruralistas e a equipe econômica, ao contrário, entendem a importância da manutenção das relações com o país asiático.
Em 2018, segundo o Ministério da Economia , a China foi o principal comprador do Brasil, sendo responsável por 26,8% (US$ 64,205 bilhões) de todas as exportações. Os chineses também ocupam a primeira posição no ranking de importações: no ano passado, as compras somaram US$ 34,730 bilhões e corresponderam a 19,2% do total. Só em janeiro e fevereiro deste ano já foram US$ 8,320 bilhões em exportações e US$ 7,703 bilhões em importações.
Abertura da economia
Durante o encontro, Guedes também reiterou a defesa da abertura do mercado brasileiro, mesmo em um cenário externo adverso. “Eu sei que parece louco. Estamos imersos em uma guerra comercial global e as autoridades norte-americanas me perguntam: 'vocês tem certeza de que vão abrir a economia enquanto todo mundo está tentando roubar empregos um do outro?'”, contou.
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Aos investidores e empresários, o ministro explicou que o Brasil "estava dormindo" nos últimos anos e que precisa se reintegrar na economia mundial. Para Guedes, a abertura do mercado seria a chave para esta reinserção e traria resultados positivos: "Se abrirmos um pouco nossa economia, teremos um monte de progresso”.