O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, registrou evolução de 1,1% em 2018, o mesmo valor visto no ano anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes, o total foi de R$ 6,8 trilhões.
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O crescimento, apesar de pouco expressivo e igual ao de 2017, elucida o reestabelecimento da economia brasileira após a recessão que aflingiu o Brasil entre 2015 e 2016. Nos dois últimos anos, o PIB voltou a evoluir, mesmo que com intensidade abaixo do esperado, sobretudo em 2018. A alta anual de 1,1%, inclusive, é a maior desde 2013.
Os últimos anos, marcados pela queda acentuada da economia a partir de 2014, a maior recessão da história e a recuperação a partir de 2017, a variação anual do PIB foi de:
- 2011: 4%;
- 2012: 1,9%;
- 2013: 3%;
- 2014: 0,5%;
- 2015: -3,5%;
- 2016: -3,3%;
- 2017: 1,1%;
- 2018: 1,1%.
Tecnicamente, a recessão econômica é caracterizada por dois trimestres consecutivos de diminuição do PIB de determinado País. Ou seja, na prática, a recessão revela uma efetiva contração econômica, já que o PIB é usado como forma de medir a evolução em dado período temporal.
O PIB per capita, que leva em conta o resultado por habitante, teve alta real de 0,3% em 2018, chegando a R$ 32.747. Para a obtenção do resultado, basta dividir o valor corrente total do PIB (R$ 6,8 trilhões) pelo número de habitantes do País.
As expectativas iniciais do governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) e do Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central (BC) com participação ativa do mercado financeiro, foram frustradas por uma série de fatores. Além do cenário internacional, que inclui a grave crise financeira argentina, parceira comercial do Brasil, a greve dos caminhoneiros é entendida como "vilã" do crescimento econômico em 2018.
Para Temer, as paralisações, que duraram 11 dias e trouxeram uma série de prejuízos e desafios ao País impediram que o PIB chegasse a 3,5% no ano passado. O valor de 3,5% citado pelo ex-presidente, no entanto, nunca havia sido cogitado em nenhuma previsão do primeiro semestre de 2018.
A última edição da divulgação semanal do BC revela que o mercado financeiro espera evolução econômica de 2,48% neste ano, o que representaria o maior crescimento do PIB desde 2013.
Os principais destaques do crescimento do PIB em 2018
Segundo o IBGE, o crescimento de 2018 foi garantido pelo setor de serviços, que após avanço de 0,5% em 2017 teve evolução de 1,3% no ano passado. O percentual responde por 75,8% do PIB.
As sete atividades do setor tiveram taxas positivas, com destaques para o comércio, que registrou alta de 2,3%, e o setor de transportes, que avançou 2,2%.
Na agropecuária, os destaques foram a alta na produção de café e algodão, de 29,4% e 28,4%, respectivamente, mas também é importante notar quedas das principais lavouras do País: milho (-18,3%), laranja (-10,7%) e cana de açúcar (-2%). A indústria decepcionou no quarto e último trimestre passado, mas registrou o primeiro ano positivo desde a crise econômica.
O consumo das famílias cresceu 1,9%, e Claudia Dionísio, pesquisadora do IBGE, destaca que "cresceu porque houve aumento da massa salarial, os juros caíram e a inflação seguiu sob controle. Ou seja, melhorou, mas tudo num ritmo um pouco lento ainda", afirmou.
Segundo a pesquisadora, o que mais pressionou o resultado do ano passado foi o setor externo. As exportações de bens e serviços cresceram 4,1%, enquanto as importações avançaram 8,5%.
A construção civil foi um dos principais destaques negativos do resultado do PIB . O setor registrou queda de 2,5% em 2018, na quinta queda consecutiva. "São 'N' motivos que levaram a construção a acumular todas essas perdas. Uns deles são a parte da infraestrutura e a parte governamental. O dinheiro do governo é o que mais banca a infraestrutura. E a gente sabe que os três níveis de governo estão tentando segurar as suas contas. Investimento, como não é uma despesa obrigatória, é o primeiro a ser cortado", avaliou a representante do IBGE.
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Confira os principais destaques do PIB no ano passado:
- Serviços: 1,3%;
- Indústria: 0,6% (primeira alta após 4 anos de quedas);
- Agropecuária: 0,1%;
- Consumo das famílias: 1,9% (segunda alta seguida acima do PIB do país);
- Consumo do governo: estável, 0%;
- Investimentos: 4,1% (primeira alta após 3 anos de quedas);
- Construção civil: -2,5% (quinta queda anual seguida);
- Exportação: 4,1%; e
-
Importação: 8,5%.