Privatizar todas as estatais pode render pelo menos R$ 802 bilhões, diz Guedes
Guedes diz que venda das empresas pode chegar até R$ 1 trilhão se houver valorização; equipe econômica estuda modificações na lei do teto de gastos
Por Brasil Econômico |
A privatização de todas as empresas estatais do País poderia render pelo menos R$ 802 bilhões para a economia brasileira, afirmou o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta-feira (29). A informação foi levantadas pela Secretaria Tesouro Nacional.
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De acordo com os dados, caso a privatização das 144 companhias estatais do Brasil acontecesse, o País poderia faturar entre R$ 802 bilhões e R$ 1 trilhão, já que algumas dessas empresas poderiam ter aumento de valor durante o processo de vendas, que tende a ser gradual.
Essa conta, no entanto, inclui empresas como Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal, citadas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro como estatais que não serão postas a venda.
Ontem (29), o futuro presidente afirmou que a privatização de empresas consideradas estratégicas para o País não vão acontecer. "Algumas privatizações ocorrerão. Outras, estratégicas, não. Banco do Brasil e Caixa Econômica não está no nosso radar ", disse. Bolsonaro também já sinalizou resistência a venda da Petrobras e da Eletrobras, e declarou que apenas "braços" dessa companhia podem ser negociados .
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Para Paulo Guedes
, entretanto, a desestatização é um dos caminhos para o alívio da dívida pública. O futuro "superministério" da Economia (que vai incorporar Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio Exterior e Serviços), que será comandado por ele, terá seis secretarias especiais
, entre elas a Secretaria de Desestatização e Desmobilização, que será comandada por Salim Mattar
. De acordo com Guedes, o objetivo da secretaria é levar adiante uma série de privatizações para reduzir a dívida pública
, o volume de juros pagos pelo governo e aumentar a confiança do mercado financeiro na economia brasileira.
Além de privatização, controle no teto de gastos também é estudado para reduzir dívida pública
Para ajudar a conter os gastos do governo federal, a equipe econômica do governo Bolsonaro estuda um aperfeiçoamento na lei do teto de gastos , que atualmente limita as despesas públicas a partir da inflação.
Segundo Guedes, a tendência é que o teto de gastos não seja cumprido, já que a previsão é de que, em 2019, as despesas obrigatórias do governo consumam 93% do Orçamento federal, número que deve continuar subindo nos próximos anos. "Tem uma lei que diz que não pode furar o teto. Tem outra lei que diz que 96% do Orçamento está carimbado. O Brasil vai ser ilegal de um jeito ou de outro, ou vai estourar o teto ou vai desindexar os gastos", disse.
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De acordo com o futuro ministro, uma possível saída para o problema é desvincular todo o Orçamento federal, retirando todas as regras de despesas obrigatórias. Outro ponto importante para o alívio das dívidas públicas, além da privatização
, e para o ajuste com o teto de gastos, é a reforma da Previdência
, que atualmente é o maior gasto do governo. "O teto sem a reforma cai. Ele é insustentável", declarou Guedes.