Empresas brasileiras mostram otimismo após eleição de Bolsonaro, aponta Markit
Relatório indica que a crença de que o governo eleito irá gerar estabilidade política, econômica e monetária gera o aumento da confiança das empresas
Por Brasil Econômico |
As empresas brasileiras mostram, após a eleição de Jair Bolsonaro , o maior nível de otimismo com a economia nacional desde junho de 2014, segundo aponta a IHS Markit, empresa de informações, em relatório divulgado nesta segunda-feira (19).
A pesquisa que estuda o otimismo das empresas brasileiras é feita a cada quatro meses. O levantamento atual foi feito entre os dias 12 e 26 de outubro, período que abrange ainda a campanha do segundo turno, que indicava uma vitória tranquila do então candidato do PSL, confirmada no pleito em 28 de outubro .
A expectativa de demanda está no maior nível em mais de oito anos e sustenta a confiança para a atividade empresarial, receita, lucratividade, emprego e investimento, diz a Markit em seu relatório. Os custos, no entanto, continuam a preocupar, em especial no setor de serviços.
Segundo os dados da pesquisa, o indicador de atividade de negócios do Brasil saiu de +44% em junho para +67% em outubro, a maior marca notada desde junho de 2014. Também é o maior patamar entre os países pesquisados pela IHS Markit. "O que tem aumentado a confiança é a crença de que o governo eleito irá gerar estabilidade política, econômica e monetária", mostra o relatório.
"As companhias também preveem mais investimentos, oportunidades de exportação, criação de empregos, ajustes políticos e possíveis reduções de impostos como oportunidades-chave de crescimento", explica a empresa.
Em consequência aos aguardados avanços da economia e ao otimismo do mercado, há perspectiva de redução do número de desempregados no Brasil , que, no trimestre encerrado em setembro, era de 12,5 milhões de pessoas, ou seja, taxa de 11,9%.
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"É particularmente encorajador ver a intenção de contratar empregados se fortalecer, criando uma expectativa de que o alto número de desempregados possa começar a cair", afirma a economista-chefe da IHS Markit, Pollyanna De Lima.
Ela conclui ainda que "Enquanto os dados do PMI [Índice de Gerentes de Compra] mostram que o emprego agregado aumentou pela primeira vez (em outubro) desde fevereiro de 2015, a criação contínua de vagas é uma peça fundamental do quebra-cabeças para uma recuperação econômica sustentável."
Empresas brasileiras apontam maiores preocupações
Apesar do otimismo tomar conta das empresas brasileiras, as companhias ainda identificam desafios para os próximos anos, dentre eles a desvalorização do real, que pode elevar os preços de produtos importados e dificultar investimentos.
A inflação também é uma preocupação, tendo em vista que muitas empresas notam e repassam ao consumidor os aumentos nos preços dos produtos importados e do setor agrícola. Segundo o relatório, em função de "algumas empresas também aumentarem a preocupação com relação ao poder de monopólio de produtores de plástico e com a maior presença de produtos chineses no Brasil", as companhias preveem aumentar os preços.
Apesar das preocupações serem grandes, o mercado vê com bons olhos o resultado da eleição e enxerga em Jair Bolsonaro e em sua equipe econômica uma capacidade de mudança no cenário nacional.
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A confiança das empresas brasileiras ajuda a construir a queda acumulada do dólar desde setembro (que já ultrapassa os 8%), a valorização da Bolsa de São Paulo no período (superior a 15%) e o próprio otimismo demonstrado pelas empresas, que saltou de 44% em junho para 67% no mês de outubro.