Por que a queda do preço da gasolina nas refinarias não chega aos postos?
Fecombustíveis diz que a cadeia de combustíveis, formada por refinarias, distribuidoras e postos, é o maior motivo da queda não chegar ao consumidor
Por Brasil Econômico |
O preço da gasolina caiu 23,8% nos últimos 13 dias. E se você não percebeu isso na hora de abastecer o carro, a explicação é simples: a queda se deu nas refinarias da Petrobras, mas pouca ou nenhuma diferença se manifestou no preço cobrado nas bombas dos postos de combustíveis.
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Para tentar explicar o porquê de as seguidas quedas no preço da gasolina e do diesel nas refinarias não terem afetado o preço final pago pelo consumidor, a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) divulgou nota oficial nesta quarta-feira (7).
“Apesar de a Petrobras divulgar quedas de preços da gasolina e diesel nas últimas semanas, o repasse deste menor custo não acontece na mesma velocidade e proporção nas bombas”, diz a Fecombustíveis .
De acordo com a federação, o principal motivo de a queda nas refinarias não desencadear a redução do preço nas bombas é a cadeia de combustíveis, que é formada por refinarias, distribuidoras e postos. "Pelas regras atuais, os postos não podem comprar gasolina e diesel direto das refinarias. Compram apenas das companhias distribuidoras, que são responsáveis por toda a logística do abastecimento nacional em todos os estados brasileiros.”
A Fecombustíveis destaca que as refinarias comercializam a gasolina A (sem etanol anidro) e diesel A (sem biodiesel) para as distribuidoras e acrescenta que, nas bases de distribuição, são adicionados 27% de etanol anidro e 10% de biodiesel, que, após a mistura, tornam-se gasolina C e diesel C, então vendidos e distribuídos para os postos por meio rodoviário via caminhões-tanques.
O processo longo faz com que o lucro das distribuidoras seja maior com a queda nas refinarias, mas dificulta que o consumidor note rapidamente as seguidas e significativas quedas, sobretudo de setembro em diante. “Como os postos de combustíveis não podem comprar das refinarias, eles só conseguem diminuir os preços quando as companhias distribuidoras eventualmente os reduzam”, justifica a federação.
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Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), entre janeiro e agosto deste ano, o aumento na produção de biodiesel foi de 26% e a alta no consumo de etanol chegou a 14%, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo.
Até 2023, a estimativa do MME é de que a produção do biodiesel brasileira passe de 5,4 para mais de 10 bilhões de litros por ano. A projeção de crescimento é consequência da expectativa a cerca da proposta de aumento gradativo do percentual obrigatório de biodiesel ao óleo diesel vendido ao consumidor final, que pode chegar até 15% (B15) entre 2018 e 2023.
Preço da gasolina: Refinarias x Bombas dos postos
Os valores cobrados pela Petrobras são de aproximadamente um terço do preço pago nos postos, mas é preciso levar em conta os custos dos biocombustíveis, impostos, fretes e as margens de lucro de todo o processo, o que são os entraves para o consumidor gastar menos.
Enquanto o preço da gasolina teve a queda expressiva de 23,8% entre 25 de setembro e 7 de novembro, o custo do etanol anidro subiu 5,7% de 21 de setembro a 1º de novembro. “No caso do diesel, a redução média foi de R$ 0, 24 por litro nas refinarias Petrobras. Já o biodiesel, em virtude do último leilão promovido pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), aumentou entre R$ 0,03 e R$ 0,04 o litro.”
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A Fecombustíveis relembra que os preços dos combustíveis são livres em todos os segmentos no Brasil e que não há interferência no mercado. Portanto, a queda do preço da gasolina e de outros combustíveis depende de cada posto revendedor decidir se repassa a queda de preços nas refinarias ao consumidor final.
* Com informações da Agência Brasil