Inflação de setembro fica em 0,48% e acumulado do ano ultrapassa meta do governo

Graças ao IPCA relativo ao mês de setembro divulgado hoje (5), acumulado do ano ficou acima do centro da meta do governo de 4,5% pela 1ª vez. Confira

Inflação de setembro acumula alta de 0,48% e empurra acumulado do ano acima da meta do governo pela 1ª vez no ano
Foto: shutterstock
Inflação de setembro acumula alta de 0,48% e empurra acumulado do ano acima da meta do governo pela 1ª vez no ano

A inflação de setembro no Brasil foi de 0,48%. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) relativo ao mês passado foi divulgado nesta sexta-feira (5), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e confirmou que, na média, os preços dos produtos e serviços subiram quase 0,5% ao longo dos últimos 30 dias analisados.

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Comparativamente, a inflação oficial do País acelerou no mês passado e superou a de agosto quando houve deflação de 0,09%, ainda segundo o IBGE. Já em relação a setembro de 2017, quando o IPCA ficou em 0,16%, a inflação de setembro de 2018 também foi maior.

Dessa forma, o IPCA acumulou 4,53% nos últimos 12 meses, período que vai de outubro de 2017 a setembro de 2018, e ultrapassou pela primeira vez no ano o centro da meta traçada pelo governo federal para o ano de 4,5%. Já a inflação acumulada apenas em 2018, de janeiro a setembro deste ano, acumula alta de 3,34% por enquanto. Os números não preocupam já que o sistema de metas estabelece um intervalo de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos em relação ao centro, ou seja, a inflação segue no intervalo aceitável de 3,0% a 6,0%.

Inflação de setembro é puxada pelo setor de transportes

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Preço dos combustíveis, dentro da nova política de reajustes diários da Petrobras, foi um dos principais responsáveis pela inflação de setembro acumular alta

O grupo de transportes teve o maior impacto no IPCA de setembro já que, segundo o IBGE , apresentou alta de 1,69% após queda de 1,22% em agosto. A variação foi puxada pelos combustíveis e foi a maior para um mês de setembro desde o início do Plano Real, em 1994, em grande parte graças a política de reajuste de preço da Petrobras que, após represar os preços por 90 dias após a greve dos caminhoneiros, agora começou a reajustá-los quase que diariamente de novo.

Dessa forma, entre os combustíveis pesquisados, apenas o gás veicular apresentou uma desaceleração de preços. A gasolina, por exemplo, saiu de -1,45% em agosto para 3,94% em setembro. Já o etanol foi de -4,69% para 5,42% e o óleo diesel de -0,29% para 6,91%.

O gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, Fernando Gonçalves, explicou que o reajuste do diesel de 13% nas refinarias definido em 31 de agosto impactou o consumidor final e a taxa de combustíveis, conforme explicado acima.

Outro fator relevante para elevar a inflação dentro do grupo de transportes foi o das passagens aéreas. Elas apresentaram uma alta de 16,81%, invertendo o sentido da variação de preços de agosto que havia sido de -26,12%.

Preço dos alimentos também aumentou e afetou famílias

Foto: Divulgação/Pixabay
Preço dos alimentos empurrou a inflação de setembro acima do centro da meta traçada pelo governo federal para 2018

Já o grupo de alimentos e bebidas também voltou a apresentar crescimento, após dois meses de queda. Segundo o IBGE, o IPCA apenas desse setor foi de 0,1%, mas frutas (4,42%), arroz (2,16%) e o pão francês (0,96%) acumularam altas bem acima da média.

Da mesma forma, a alimentação fora de casa também teve uma alta de 0,29% em setembro, enquanto a alimentação em casa praticamente não variou. Esse grupo é bem mais importante e a elevação dos preços dos alimentos preocupa mais porque, junto com o segmento de transportes, soma uma fatia de 43% dos gastos dos brasileiros.

A alta, ainda discreta, já pode ser sentida em oito das 18 capitais analisadas onde, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) divulgados na quinta-feira (4), o  preço da cesta básica subiu em setembro. As maiores elevações foram verificadas em Campo Grande (5,24%) e Salvador (1,26%).

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Na segmentação por alimentos, entre agosto e setembro, seis produtos que compõem a cesta básica tiveram retração nos preços segundo o Dieese : batata (-8,14%), tomate (-5,31%), leite integral (-4,15%), açúcar refinado (-1,67%), manteiga (-1,15%) e óleo de soja (-0,30%). Em 12 meses, cinco itens registram quedas acumuladas: feijão carioquinha (-11,73%), açúcar refinado (-8,88%), tomate (-8,84%), café em pó (-5,76%) e batata (-5,24%).

Em contrapartida, no mês, o Diesse confirmou a alta no preço do pão francês (1,23%), da carne bovina de primeira (1,71%), do café em pó (2,42%), da banana (2,63%), do arroz agulhinha (2,67%) e da farinha de trigo (5,99%). Enquanto em 12 meses, acumulam elevações a banana (1,03%), o óleo de soja (1,20%), a carne bovina de primeira (2,52%), o arroz agulhinha (5,48%), a manteiga (6,83%), o pão francês (9,32%), o leite integral (21,86%) e a farinha de trigo (26,91%).

Habitação e energia também impactaram índice da inflação de setembro

Foto: Rogério Melo/ PR - 16.9.15
Habitação e energia elétrica também contribuíram para que o índice da inflação de setembro subisse

Segundo maior impacto na inflação de setembro, o grupo de habitação teve alta de 0,37% e pesou na conta do IPCA calculado pelo IBGE. Além disso, a energia elétrica, com variação de 0,46%, também ajudou a empurrar a inflação acima do centro da meta do governo, devido, sobretudo, a reajustes nas capitais São Luís, Belém e Vitória. A taxa de água e esgoto, por sua vez, variou em quatro capitais e gerou uma inflação de 0,3%.

Ainda segundo o gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, Fernando Gonçalves, essas elevações impactam em maior escala o IPCA do mês porque afetam tanto o consumidor final quanto os produtores que, por sua vez, repassam o preço para os concumisores. "Energia elétrica subiu, taxa de água e esgoto subiu. Todos esses custos o empresário acaba repassando para o setor final", resumiu Gonçalves.

No recorte por cidade, a inflação acumula uma variação maior em São Paulo (5,30%), Porto Alegre (5,23%) e Rio de Janeiro (4,62%) em 12 meses. Juntas, as três capitais têm peso de metade do índice nacional por serem muito populosas.

O IBGE também divulgou que a menor inflação do País está em Aracaju, com 1,74% de variação em 12 meses. Do outro lado, a taxa mais elevada para o mês de setembro foi em Brasília, que variou 1,06%, seguida de Vitória, com 0,88% e São Luís, 0,72%. São Paulo teve inflação de 0,61% em setembro.

No início do ano, o IPCA chegou a ficar abaixo dos 3% por conta da influência da safra do ano passado que baixou o preço dos alimentos e gerou taxas negativas no grupo durante vários meses. Uma tendência que, como vimos acima, começa a ser revertida.

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"Essas taxas negativas estão ficando para trás e sendo substituídas por outras em 2018", explica Gonçalves. Ele destaca também a alta do dólar durante o ano, as incertezas com a eleição e a greve dos caminhoneiros como fatores que contribuíram para que o índice acumulado e a própria inflação de setembro aumentassem.

*Com informações da Agência Brasil