Banco Central reduz previsão de crescimento do PIB em 2018 de 1,6% para 1,4%
Para BC, recuperação econômica será mais lenta do que o inicialmente previsto. Ipea também reduziu suas projeções de crescimento do PIB. Confira
Por Brasil Econômico | (*) |
A quinta-feira (27) não trouxa boas notícias para o governo, para o mercado e para a população de maneira geral. Isso porque tanto o Banco Central (BC) quanto o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reduziram para baixo suas previsões de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todos os bens e serviços produzido no País) em 2018. Os dois, porém, discordam da projeção um do outro.
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Para o BC, o crescimento do PIB esse ano deve ser de 1,4% e não mais de 1,6%. A projeção atualizada foi divulgada no Relatório de Inflação , publicada hoje, em Brasília. Já a projeção do Ipea divulgada em entrevista coletiva na qual o Instituto apresentou sua Carta de Conjuntura Número 40 é um pouco mais otimista: 1,6%, ainda assim pouco menor do que o 1,7% projetado há três meses por ele mesmo.
De qualquer forma, ambas as estimativas de crescimento da economia nacional se aproximam da estimativa feita pelo próprio mercado financeiro e divulgada pelo Boletim Focus na última segunda-feira (24) que reduziu pela quinta semana consecutiva a expectativa de crescimento do PIB, dessa vez de 1,36% para 1,35%.
Segundo o relatório do BC, "a revisão reflete a incorporação dos resultados do PIB no segundo trimestre e o arrefecimento na atividade econômica após a paralisação no setor de transporte de cargas, ocorrida em maio, como sugerido por indicadores", mas além do impacto direto sobre a atividade, a greve dos caminhoneiros no fim de maio afetou também a confiança em relação à recuperação econômica, “com possíveis impactos sobre as decisões de produção, consumo e investimento”.
Em outro momento do relatório, o Banco Central é mais incisivo e afirma que a greve “impactou negativamente, de forma relevante, a atividade econômica no segundo trimestre e as expectativas para o restante do ano”.
Por sua vez, o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, também citou a greve dos caminhoneiros para explicar a revisão para baixo do crescimento do PIB. Segundo o representante do Instituto que projetou um crescimento de 3% no começo do ano, "o cenário se deteriorou ao longo do ano com a perda de confiança do mercado na continuidade das reformas e também com a greve dos caminhoneiros, em maio".
O economista afirmou que as projeções do instituto dependem da manutenção da crença de que o governo vai conseguir reverter o déficit nas contas públicas no curto prazo. Com as regras em vigor hoje, o Ipea prevê que somente em 2023 o Brasil terá superávit primário. "Caso não haja confiança em relação à política fiscal, essa trajetória fica comprometida", disse Castro, que considera difícil manter o teto de gastos públicos sem rever as regras da Previdência Social.
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Para ele, a questão fiscal é o que impede que a economia tenha uma retomada mais rápida, já que o Brasil tem alta ociosidade em sua capacidade produtiva. "O cenário fiscal é o grande problema, é a grande barreira que tem impedido a retomada de ser mais intensa, mais forte, como a gente esperaria depois de um período de crise tão forte quanto o que a gente vive", resumiu.
Projeções de crescimento do PIB por setor e para os próximos anos
Ambas as entidades também fizeram suas projeções de crescimento do PIB para os próximos anos e por setores da economia ainda para 2018.
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Por setor, o Banco Central projetou que o crescimento da agropecuária passou de 1,9% para 1,5%, para a indústria de 1,6% para 1,3% e manteve a projeção feito em junho de 2018 de 1,3% para o setor de serviços esse ano.
Já a estimativa para a variação anual do consumo das famílias recuou de 2,1% para 1,8%, “em linha com a evolução mais gradual do mercado de trabalho e com recuo de indicadores de confiança dos consumidores”, segundo o relatório, enquanto a projeção para o consumo do governo deve registrar recuo de 0,3% e a estimativa para a formação bruta de capital fixo (FBCF - investimento) que antes era de 5,5% agora é de apenas 4%. “refletindo, em grande medida, importação de equipamentos destinados à indústria de petróleo e gás natural”.
Por fim, a expectativa para o crescimento das exportações foi reduzida em 1,9 ponto percentual para 3,3%, e a variação das importações foi revisada para 10,2%, ante 5% na projeção anterior.
Já para o Ipea, as estimativas são bem diferentes. Enquanto na opinião do Instituto a indústria deve crescer 1,8% esse ano, o setor de serviços deve ter expansão de 1,6% e o setor de agropecuária recuar 0,5%, em vista da supersafra registrada no ano passado.
No que diz respeito a Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos) do governo, o Ipea espera uma alta menor de 3,3% em 2018, enquanto o consumo das famílias crescerá 2% e o do próprio governo cairá 0,2%, na previsão do Instituto que afirmou esperar ainda um crescimento do PIB de 1,1% no terceiro trimestre deste ano em comparação com o trimestre imediatamente anterior.
Já para 2019, o BC divulgou que espera um crescimento do PIB de 2,4%. “É fundamental destacar que essa projeção é condicionada a um cenário de continuidade das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e ajustes necessários na economia brasileira. Também incorpora expectativa de iniciativas que visam o aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios”, diz o BC.
A projeção do Ipea para 2019 são ainda melhores: 2,9% de crescimento. Para isso, o instituto prevê crescimento dos setores agropecuários, industrial e de serviços de 3,6%, 2,8% e 2,9% respectivamente. Enquanto o Banco Central espera alta de 2%, 2,9% e 2% para cada um dos respectivos setores.
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Já as taxas de crescimento do consumo das famílias são de 3% em 2019 para o Ipea e de 2,4% para o Banco Central e o crescimento dos investimento do governo de 4,6% para o Instituto e também de 4,6% para o BC, respectivamente, o que deve contar bastante para que o crescimento do PIB em 2019 seja realmente maior do que o apresentado em 2018.
*Com informações da Agência Brasil