Temer confirma nome de Ivan Monteiro como novo presidente da Petrobras
Conselho da Petrobras definiu Ivan Monteiro como presidente interino da companhia e presidente o confirmou em definitivo. Veja quem é o novo CEO
Por Brasil Econômico |
O presidente Michel Temer confirmou o nome de Ivan Monteiro para ser recomendado como presidente efetivo da Petrobras. Ele falou à imprensa na noite de hoje (1º), após reunir-se com Monteiro no Palácio do Planalto. Temer aguardou a decisão do Conselho de Administração da Petrobras, que indicou o diretor financeiro da estatal para ocupar interinamente o cargo.
“Comunico que o escolhido hoje como interino, Ivan Monteiro, será recomendado ao Conselho de Administração para ser efetivado na presidência da Petrobras ”, disse.
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Em rápido pronunciamento, o presidente também reafirmou o apoio à política de preços praticada pela empresa, que segue os preços internacionais do barril de petróleo para precificar seus produtos.
“Reafirmo que meu governo mantém o compromisso com a recuperação e a saúde financeira da companhia. Continuaremos com a política econômica que nesses dois anos tirou a empresa do prejuízo e a trouxe para o rol das mais respeitadas do Brasil e do exterior. Declaro também que não haverá qualquer interferência na política de preços na companhia”.
Monteiro ocupava até então a direção executiva da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores da Petrobras. A troca ocorre após a decisão de Pedro Parente em deixar o comando da estatal, anunciada no final da manhã de hoje.
Quem é Ivan Monteiro?
O nome do engenheiro Ivan de Souza Monteiro já estava numa lista de prováveis sucessores de Pedro Parente depois que uma fonte interna confidenciou anonimamente que o indicado deveria vir de dentro da própria Petrobras.
A lista também incluía a diretora-executiva de Exploração e Produção Solange Silva Guedes, o diretor-executivo de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia Hugo Repsold Junior e o diretor-executivo de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão, Nelson Luiz Costa e Silva.
Dentre eles, porém, o nome de Ivan Monteiro certamente é aquele que mais agrada ao mercado já que ele ocupava a função de diretor-executivo da área financeira e de relacionamento com investidores.
Sua indicação deverá ajudar a companhia a recuperar parte dos R$ 55 bilhões que a empresa chegou a desvalorizar apenas no pregão da Bovespa de hoje, após Pedro Parente anunciar a demissão.
A estatal, porém, se recuperou um pouco antes do fim do dia e encerrou as operações do primeiro dia de junho com um saldo negativo de "apenas"R$ 40 bilhões.
Para além do mercado, porém, Ivan Monteiro também deve agradar bastante o lado político da estatal uma vez que foi indicado para o cargo executivo durante a gestão de Aldemir Bendine, antecessor de Pedro Parente na presidência da Petrobras, empossado durante o segundo governo de Dilma Rousseff e atualmente preso por conta das investigações da operação Lava Jato. O Ministério Público acusa o réu de envolvimento com esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro e pediu a prisão preventinva do ex-presidente da petrolífera, acatado pela Justiça.
Segundo alguns interlocutores, Ivan Monteiro teria sido o "braço direito" de Bendine na Petrobras. Os dois já tinham trabalhado juntos quando Bendine foi presidente do Banco do Brasil. Na época, Ivan Monteiro foi vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores, depois de ter ocupado cargos de gerente executivo da Diretoria Internacional, superintentendete comercial, gerente comercial nas agências em Portugal e Nova Iorque, além de diretor comercial.
Antes do banco público, porém, Monteiro também atuou como executivo de diversas instituições no mercado financeiro.
Já na Petrobras, Monteiro foi mantido no cargo enquanto Pedro Parente, indicado por Temer, esteve a frente da estatal, de modo que o perfil técnico do novo presidente na função de diretor-executivo deve ter sido avaliado também por uma liderança mais ligada à direita. Monteiro era, inclusive, o responsável pelo programa de desinvestimentos da Petrobtas que tem como meta vender R$ 21 bilhões em ativos até o fim do ano.
Desse modo, o Conselho de Administração da Petrobras parece ter se preocupado em escolher um nome capaz de manter o diálogo aberto com o mercado, mas também com o Sindicato dos Petroleiros, além de partidos de todos os espectros políticos.
Ivan Monteiro, por enquanto, é apenas um interino, mas a chance de ser efetivado por Temer não foi descartada. O presidente chegou a declarar para pessoas próximas que deseja fazer o anúncio definitivo ainda hoje.
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Além de Ivan, o nome de Solange Silva Guedes também é avaliado. Caso ele seja escolhida, seria a segunda mulher a ocupar a presidência da Petrobras. A primeira, indicada por Dilma em 2012, foi Graça Foster que ficou no cargo até 2015 quando foi substituída justamente por Aldemir Bendine.
Repercussão Pública
Antes de Ivan Monteiro ser definido como CEO, diversos políticos se manifestaram opinando sobre o pedido de demissão de Pedro Parente, a política de preço dos combustíveis da Petrobras e o sucessor no comando da maior estatal brasileira.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que também é pré-candidato à presidência da República, afirmou que o pedido de demissão de Pedro Parente era "muito ruim" e que a empresa perdia "um quadro com grande qualidade técnica".
Já sobre a política de preços da Petrobras, Maia declarou que "a forma mais transparente é a redução de impostos quando sobe o preço do petróleo", mas esquivou-se ao dizer que "isso é uma decisão do Executivo".
Por sua vez, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, se manifestou publicamente sobre a sucessão no comando da Petrobras através de sua conta oficial no Twitter para defender que "o presidente de uma empresa monopolista como a Petrobras, precisa reunir visão empresarial, sensibilidade social e responsabilidade política".
Eunício Oliveira ainda defendeu que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) "deve ter participação mais ativa na formação dos preços dos combustíveis", mas não explicou como.
O Presidente de uma empresa monopolista como a Petrobras, precisa reunir visão empresarial, sensibilidade social e responsabilidade política. A ANP deve ter participação mais ativa na formação dos preços dos combustíveis.
— Eunício Oliveira (@Eunicio) 1 de junho de 2018
Já entre os presidenciáveis, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin também se manifestaram através do Twitter sobre o pedido de demissão de Pedro Parente. Os pré-candidatos, porém, adotaram discursos bem diferentes.
O ex-governador de São Paulo defendeu que "o importante nesse momento é não desperdiçar o trabalho de recuperação da Petrobras". Além disso, Alckmin afirmou que o governo precisa "definir uma política de preços de combustível que, preservando a empresa, proteja os consumidores", porém não desenvolveu a ideia de qual política seria essa.
Com a saída de Pedro Parente, o importante nesse momento é não desperdiçar o trabalho de recuperação da Petrobras. Precisamos definir uma política de preços de combustíveis que, preservando a empresa, proteja os consumidores.
— Geraldo Alckmin (@geraldoalckmin) 1 de junho de 2018
Já o ex-governador do Ceará divulgou vídeo onde afirma que "não basta demitir Pedro Parente. É preciso exigir que a política de preços que ele impôs seja trocada". Ciro, porém, foi claro e afirmou que era preciso impedir que "o preço do barril de petróleo da especulação financeira estrangeira seja repassado para dentro do Brasil quando o custo da Petrobras é, muitas vezes, menor do que o preço do petróleo lá fora".
#Petrobras : não basta apenas demitir o Pedro Parente. Tem que mudar a política de preços. #PedroParente pic.twitter.com/ZsLoW4Ku7n
— Ciro Gomes (@cirogomes) 1 de junho de 2018
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Quem faz parte do Conselho da Petrobras?
A decisão de quem seria o CEO interino da Petrobras, porém, coube apenas aos 11 integrantes do Conselho de Administração da Petrobras. Entre eles estão Luiz Nelson Guedes de Carvalho (presidente do Conselho), Jerônimo Antunes, Francisco Petros Oliveira Lima Papathanasiadis, Durval José Soledade Santos, Segen Farid Estefen, Ana Lúcia Poças Zambelli, Clarissa de Araújo Lins, além do próprio Pedro Pullen Parente, que foram indicados pelo acionista controlador, da companhia, no caso o próprio governo.
Além deles, também ocupam uma cadeira no Conselho, Marcelo Mesquita de Siqueira Filho, eleito pelos acionistas minoritárias detentores de ações ordinárias, Sônia Júlia Sulzbeck Villalobos, eleita pelos acionistas detentores de ações preferenciais e Christian Alejandro Queipo, eleito pelos empregados da Petrobras.
Vale dizer ainda que esse mesmo Conselho que indicou Ivan Monteiro como CEO interino da Petrobras hoje também terá que aprovar o nome definitivo que o presidente Michel Temer deverá indicar para ocupar a função de presidente da Petrobras .
Veja a íntegra do Fato Relevante enviado pela Petrobras ao mercado
" Rio de Janeiro, 1º de junho de 2018 – Petróleo Brasileiro S.A – A Petrobras informa que o Conselho de Administração realizou, hoje, uma reunião extraordinária, na qual o Presidente do Conselho, com base em previsão estatutária (§3º do art. 27), indicou e nomeou o engenheiro Ivan de Souza Monteiro para o cargo de Presidente interino da companhia até a eleição do novo Presidente definitivo. O Presidente Ivan Monteiro acumulará a função de Diretor Executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores.
Fatos julgados relevantes serão tempestivamente divulgados ao mercado."
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