A espera pelo primeiro emprego pode ser marcada por sentimentos diferentes que podem variar entre ansiedade, medo, empolgação, necessidade de corresponder certas expectativas... e por aí segue a lista, que não é pequena. Como se todas essas sensações não fossem o suficiente, já se tornou praticamente consenso que o mercado de trabalho não ofereça muitas oportunidades a essas pessoas que estão começando, já que muitos empregadores preferem candidatos com experiência . Então, como lidar com esse cenário?
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Bom, para começar, a coach e especialista em psicologia positiva, Renata Abreu, explica que a pressão social em relação à vida profissional tem começado muito cedo, antes mesmo do primeiro emprego . Assim, para escapar dessa ‘avalanche’, é essencial investir no autoconhecimento, para que o jovem não se deixe levar pelas exigências externas e internas, já que elas podem facilmente se transformar em decisões equivocadas.
“É importante investir tempo no autoconhecimento para que possa compreender qual o seu propósito de vida, seus valores, talentos, o que o motiva e o faz se sentir bem, sem se deixar influenciar pelo mundo externo”, aponta.
Ok, o recado parece simples. Contudo, é difícil deixar de levar o ambiente externo como termômetro. Afinal, somos bombardeados por informações de terceiros a todo momento, como aquelas vindas por meio das redes sociais. Quem nunca se frustrou, por exemplo, em olhar a timeline alheia e perceber que as pessoas estão "em uma viagem de férias incrível" ou realizando "algo extraordinário" no seu trabalho? Pois é, essas comparações sociais se tornam um perigo real, segundo a especialista, já que causam sofrimento e insegurança às pessoas que estão em busca de melhoria. Especialmente aos jovens em busca da primeira oportunidade.
“Quanto mais comparações fizer, maior será a probabilidade de sofrimentos, pois não importa quanto sucesso e riqueza você tenha, sempre haverá alguém com mais”, pontua a coach.
Renata Abreu avalia que, em vez de olhar o "mundo externo", devemos começar a olhar e a concentrar em nós mesmos. E, para ela, isso pode ser feito por meio de investimentos em formação técnica, desenvolvimento de habilidades sociais e pela busca de apoio em nossa rede de relacionamentos, o famoso networking .
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Parece impossível? Pois não é. Foi exatamente isso que Raquel Barboza, de 18 anos, fez. Sem graduação, formada em técnico de administração em dezembro de 2017, a adolescente acabou de entrar para o mercado de trabalho. “Fiquei procurando por vagas na minha área com funções mais simples, como de assistência, mas já na descrição das funções, as empresas informam que preferem pessoas que ingressaram na faculdade. Então, eu não conseguia um emprego na minha área”, conta.
Após enviar dezenas de currículos e analisar diversas vagas na área em sites de emprego por dois meses, Raquel conseguiu o primeiro trabalho com a ajuda da sogra. Pois é: parentes e amigos podem ser um excelente networking . A adolescente reconhece que "teve sorte", pois, da sua turma do técnico de 40 pessoas, menos de 10 estão trabalhando na área de administração.
Ao contrário de Raquel, Vitoriano Amorim, de 19 anos, conta que sente muita dificuldade em conseguir emprego, dentro ou fora de Rádio e TV (RTV), já que está fazendo faculdade na área. O estudante acabou de concluir o primeiro ano do curso e está enviando currículos há pelo menos oito meses.
Amorim relata que, por motivos pessoais, mora sozinho, e por isso, tem mais necessidade de entrar no mercado de trabalho, seja por uma vaga de estágio em RTV ou por outra ocupação. Mesmo que o estudante esteja aberto a praticamente todas as oportunidades, avalia que sua condição de cadeirante dificulta suas chances, pois mesmo que as empresas tenham que cumprir uma cota de trabalhadores com deficiência, dão preferência aos profissionais com experiência, o que acaba por restringir ainda mais as vagas. Assim, o estudante acredita que com a formação acadêmica será mais fácil conseguir um emprego.
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Profissões para pessoas sem experiência
O Brasil Econômico também conversou com o especialista em Recursos Humanos da Woli, Rafael Ramalho, e questionou, afinal de contas, quais vagas os jovens sem experiência podem buscar no mercado de trabalho?
De acordo com Ramalho, as atividades mais comuns para se iniciar a vida profissional são aquelas de pouca complexidade e, geralmente, com cunho mais operacional como, por exemplo, de reposição de mercadorias e atendimentos iniciais ao cliente, além dos programas de aprendizagem de empresas que contratam jovens entre 14 e 24 anos.
Muitos jovens como Vitoriano Amorim e Raquel Barboza acreditam que, com a formação do ensino superior, as chances de entrar no mercado de trabalho serão melhores, mas o especialista enfatiza que o "diploma não é garantia de sucesso profissional", já que as empresas estão cada vez "mais criteriosas e exigentes em relação aos candidatos". “O que muitas vezes ‘encanta’ os recrutadores é o potencial do candidato, a força de vontade estampada nos olhos e o modo como se destaca entre os demais. Isso pode garantir a vaga”, aponta o profissional em RH.
Por que dar oportunidade a jovens sem experiência?
É simples pensar como um empregador e associar que o melhor para os negócios é contratar alguém com experiência, até porque essa pessoa sabe o que fazer, as consequências de um erro e como agir rápido após uma falha. Mas, será realmente que não existe vantagem em oferecer o primeiro emprego a um jovem?
Ramalho aponta que, ao selecionar uma pessoa sem experiência, na verdade, a empresa está fazendo um investimento, uma vez que está contratando um profissional sem vício, automatismo negativo e que possui muita vontade de subir profissionalmente, o que pode significar muita dedicação e empenho. Além disso, a empregadora está dando a uma pessoa a oportunidade de praticar seus conhecimentos e de aprender uma profissão para buscar seus objetivos de cunho pessoal e profissional.
Para concluir, o especialista aconselha a todos que estejam procurando o primeiro emprego ou que acabaram de começar sua vida profissional a estudar sempre. Também lembra de que a conquista da vaga é apenas a ponta do iceberg. "É a qualificação contínua e comportamento assertivo que vai mantê-lo no mercado, e fazer com que suba degraus dentro da empresa. Seja extremamente profissional e proativo. Não se atrase e cumpra os prazos e metas assumidos com os gestores, siga as orientações e peça feedbacks ”. Achou pouco? Ramalho também lembra que é muito importante mapear e agarrar todas as oportunidades que ofereçam o seu desenvolvimento profissional.