Reforma trabalhista torna educação financeira obrigatória, diz especialista
Segundo o educador financeiro André Bona, mudanças relacionadas às leis trabalhistas aumentam responsabilidade do trabalhador com seu dinheiro
Por Brasil Econômico |
A reforma trabalhista, aprovada na última semana, obrigará o trabalhador a sair do “escudo” que o governo oferece atualmente. Na votação, 50 senadores foram favoráveis à reforma, que promove mudanças tanto para o trabalhador quanto para o empregador. “As reformas obrigarão uma mudança de vida de todos os brasileiros, como por exemplo, a responsabilidade que as pessoas precisam ter para tocar as próprias vidas e, inclusive administrar suas finanças para que possam progredir sem achar que é papel do Estado ou da empresa cuidarem do futuro delas", afirma o educador financeiro André Bona.
Leia também: Boletim Focus, do Banco Central, aponta redução da Selic e da inflação este ano
“Em algumas situações a realidade dos trabalhadores cria situações, tanto para o trabalhador quanto para empresa, onde cumprir as regras trabalhistas torna-se impossível e ninguém se beneficia disso, nenhuma das duas partes. As alterações propostas nada mais são do que ajustes que passam a prever essas realidades que já acontecem. É momento do trabalhador entender que virão tempos difíceis, porém, necessários”, diz sobre a reforma trabalhista .
O número de vagas de emprego têm aumentado discretamente, mas ainda não é algo que dá confiança ao brasileiro que procura trabalho. Atualmente, são aproximadamente 13 milhões de brasileiros desempregados. Muitos deles são jovens que já ingressaram na faculdade, e já se preocupam por não saberem se estarão trabalhando no fim da graduação. A busca por concursos públicos faz a dependência para o Estado aumentar.
"Ao contrário dos países desenvolvidos, onde o jovem universitário de classe média almeja criar uma nova Startup ou uma empresa que poderá mudar o cenário nacional ou mundial, no Brasil o que se almeja é tornar-se um servidor público, para que teoricamente se possa desfrutar de uma vida financeira estável. A reforma traz uma oportunidade para que isso seja mudado, fazendo com que este conceito envelhecido seja derrubado", explica o educador.
Mais de 24 milhões de trabalhadores sacaram o FGTS inativo; prazo termina dia 31
Você viu?
Segundo Bona, existe uma dependência da população sobre o Estado em relação à alguns benefícios trabalhistas que são usados de maneira errada pelos próprios trabalhadores. O educador finaceiro também vê uma sociedade brasileira caminhando com seus próprios pés após a reforma e atualizando suas leis para a modernidade.
“Isso, de certa forma, reforça a possibilidade de quea liberdade caminha de mãos dadas com a responsabilidade. Então, quanto mais livre é uma nação, mais livre são as pessoas para tomarem um rumo individual de suas vidas, sem precisar necessariamente depender tanto do governo, sindicatos ou de alguém que supostamente atue em seus interesses como se as pessoas fossem incapazes de dirigir suas próprias vidas. As leis trabalhistas, a CLT , precisava de uma atualização para se moldar ao novo mundo em que vivemos atualmente”, ressalta.
Leia também: Bovespa: veja os principais destaques e acontecimentos da semana
Como o amadurecimento individual é difícil, Bona acredita que a reforma trabalhista esteja fazendo o Brasil passar pelo processo de uma maneira coletiva, em sociedade, e por isso tantos questionamentos por conta da nova fase. “As reformas obrigarão uma mudança de vida de todos os brasileiros, como por exemplo, a responsabilidade que as pessoas precisam ter para tocar as próprias vidas e, inclusive administrar suas finanças para que possam progredir, sem acharem que é papel do Estado ou da empresa cuidarem do futuro delas”, conclui.