Mercado de franchising registra alta de 8,3% em 2016, diz pesquisa
De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Franchising (ABF), faturamento do setor passou de R$ 139,593 bilhões para R$ 151,247 bilhões
Por Brasil Econômico |
A Associação Brasileira de Franchising (ABF) divulgou na segunda-feira (13) os resultados da pesquisa de desempenho do setor durante o ano de 2016. De acordo com o levantamento, no ano passado e em comparação com 2015, a indústria de franchising cresceu cerca de 8,3% na receita, número acima da projeção feita pela entidade que estimou um aumento de 6% a 8%.
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A ABF também apresentou o faturamento do setor, que passou de R$ 139,593 bilhões para R$ 151,247 bilhões no ano passado. “O franchising brasileiro enfrentou com muito profissionalismo e dedicação o desafiador cenário econômico brasileiro e, com isso, preservou suas operações. Atribuímos este desempenho à preparação que o setor vem adotando desde 2012, à busca incessante por eficiência e novos mercados e a ações para atrair um consumidor ainda retraído. Além disso, a operação em rede foi mais importante do que nunca, favorecendo a renegociação de custos, a troca de experiências e o desenvolvimento conjunto de novas estratégias”, afirmou o presidente da ABF, Altino Cristofoletti Junior.
Desempenho
Informações da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) evidenciaram fatores como a queda da inflação, melhora na confiança do empresariado e do consumidor, o alto rigor fiscal na esfera pública e a abertura de 20 novos shoppings como contribuintes para o bom desempenho do setor.
“Alguns segmentos se destacaram pela inovação, seja desenvolvendo novos canais de venda, estratégias no mercado digital, seja explorando novos nichos. É o caso, por exemplo, das clínicas de saúde popular e serviços de marketing digital”, explicou Cristofoletti.
A permanência da expansão das redes de franquia para o interior do Brasil também foi um fator importante para o franchising em 2016, uma vez que o setor alcançou 42% ou 2.321 dos 5.570 municípios brasileiros, com presença em 40% das cidades no ano anterior.
“Esse é um movimento crescente do franchising, que acompanha o próprio varejo de uma forma geral. A maior capilaridade das redes para cidades menores, fora dos grandes centros urbanos, deverá se manter nos próximos anos. A busca das redes por novos mercados, os custos mais baixos e o desejo dos consumidores em ter acesso a marcas conhecidas e a seus produtos e serviços são fatores que contribuem para esse movimento”, apontou o diretor de inteligência de mercado da ABF, Claudio Tieghi.
Em relação as grandes cidades, a estratégia de expansão tem avançado para bairros mais distantes através de outros tipos de operações. Segundo a pesquisa, a evidência da interiorização se deu em Campinas, já que é a única cidade que não é capital no ranking das 10 cidades com maior número de unidades no Brasil, com participação de 1,6% na distribuição de unidades entre 2015 e 2016.
Empregos diretos
Mesmo com um mercado de trabalho instável, o franchising conseguiu com que seu nível de empregabilidade se mantivesse ao longo do ano passado. Foram registrados 1.192.495 trabalhadores diretos no sistema de franquias contra 1.189.785 em 2015, variação positiva de 0,2%.
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Unidades
Em 2016 o número de unidades de franquias em operação no País foi de 142.593, expansão de 3,1% ante os 138.343 pontos de venda registrados em 2015. No ano passado, a taxa de mortalidade foi de 5,1%.
“Com a retração do PIB e do consumo de forma geral, houve um aumento desse indicador dentro da margem esperada. Além de estar sempre alerta, este é o momento que o empreendedor deve estar próximo à operação e ao franqueador para realizar as ações necessárias com agilidade”, afirmou Tieghi.
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Mercado
O número de redes de franquia em atividade no Brasil em 2016 registrou decréscimo de 1,1% se comparado a 2015, com 3.039 marcas. Para o presidente da ABF, o resultado mostra um maior amadurecimento do franchising brasileiro, onde há menos marcas e mais unidades.
“O mercado norte-americano, o maior do franchising mundial, é um exemplo disso. Segundo o World Franchise Council, os Estados Unidos são o quarto país do mundo em número de redes, mas o primeiro em unidades de franquia. Temos também que levar em conta movimentos de fusões e aquisições e o fortalecimento de holdings de franquias”, ressaltou Cristofoletti.
Segmentos
A partir de 2016 a ABF desenvolveu uma nova classificação dos segmentos do setor, o que forneceu ao mercado um diagnóstico mais completo em relação aos 11 segmentos e seus subsegmentos.
Atualmente, os segmentos estão classificados em: alimentação, casa e construção, comunicação, informática e eletrônicos, entretenimento e lazer, hotelaria e turismo, limpeza e conservação, moda, saúde, beleza e bem-estar, serviços automotivos, serviços educacionais e serviços e outros negócios.
De acordo com a pesquisa, saúde, beleza e bem-estar foi o segmento com maior variação de faturamento no período, com crescimento de 15,5% em relação a 2015. O bom desempenho do segmento teve grande impacto da ascensão das redes clínicas médicas populares, da utilização de novos canais de venda e da inserção de novas marcas e players no setor. Um exemplo disso são as marcas Hinode, Quem Disse, Berenice e Sobrancelhas Design.
Outro segmento com desempenho positivo foi serviços automotivos, que registrou variação de 11,6%. Segundo o levantamento, ano passado houve uma expansão do mercado de veículos seminovos, que ofereceu a seus clientes um padrão eficaz e ágil de atendimento. Entre as marcas que se destacaram estão Bono Pneus, Jet Oil e Make-up Estética Automotiva.
Moda ocupou o terceiro lugar do ranking, com crescimento de 10,4%, e em seguida o segmento alimentação, que se manteve estável com alta de 8,8% se comparado a 2015.
Internacionalização
Atualmente, 138 marcas nacionais operam em 61 países, as quais 130 detém unidades e 12 são exportadoras, enviando produtos para 80 destinos mundiais diferentes. Vale ressaltar que em 2015, eram 134 redes presentes em 60 nações.
Em 2016, cerca de 14 países contaram com operações de marcas brasileiras. Entre eles estão Antígua e Barbuda, Congo, Dominica, Granada, Ilhas Virgens Britânicas, Índia, Israel e Jamaica. Além disso, 11 marcas brasileiras, como Limpidus, Nutty Bavarian e Ronaldo Academy, se internacionalizaram no mesmo período.
Para o diretor de inteligência de mercado da ABF, “a maior profissionalização, o aumento da competitividade entre as empresas, com a vinda de redes estrangeiras para o Brasil, também têm contribuído para a expansão internacional das marcas brasileiras. E o que podemos observar também é que há certa mudança na cultura exportadora do Brasil, um país que por ter um mercado interno muito grande somente há poucas décadas começou a mirar o exterior”.
Os Estados Unidos continuam liderando a lista dos países que detém o mairo número de operações de franquias brasileiras, com 49 delas. Em seguida aparecem Paraguai e Portugal, com 29 e 26 franquias, respectivamente.
“Aumentou sobremaneira o número de marcas brasileiras nos Estados Unidos com ao menos uma unidade, com o objetivo inicial de testar a operação num mercado atraente e altamente competitivo. Já a expansão em países da América Latina e de língua portuguesa está relacionada à localização geográfica e à similaridade do idioma. Destaque para o Paraguai, que passou da terceira para a segunda posição entre os países com mais redes brasileiras, atraídas tanto pela proximidade geográfica e cultural, como pelo bom desempenho econômico paraguaio”, concluiu Tieghi.
De acordo com a entidade World Franchise Council, o Brasil ocupou a 4ª posição entre os países com maior número de rede de franquias no mundo todo. Em relação as nações, o Brasil ficou em 6º lugar. Nas primeiras posições do ranking entre os países com maior número de redes de franchising, estão a China, seguida de Coréia do Sul e Estados Unidos. Já o ranking das nações é liderado pelos Estados Unidos, China e em 3º lugar o Japão.