Espaço para maior corte de juros é resultado de queda da inflação, diz BC

Presidente do Banco Central, IlanGoldfajn, confirmou maior espaço para redução da Selic e ressaltou que novos cortes serão feito a partir do ano que vem pelo Comitê de Política Monetária

Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Ilan Goldfajn: 'Houve consenso de aguardar para fazer a decisão sobre a intensificação na próxima reunião'

Segundo o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, o espaço para um corte maior da taxa de juros, a Selic, é resultado da melhora das expectativas da inflação no País. “Esse espaço para intensificação da flexibilidade se ganha por ter capacidade de ancorar as expectativas. É como se fosse um investimento que foi muito importante e não pode ser perdido. É um investimento que nos permite ter juros mais baixos sustentáveis e por mais tempo”. 

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Na terça-feira (6), quando o divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central sinalizou haver mais espaço para redução da taxa básica de juros, a Selic, do que o percebido anteriormente. Mas, que o Comitê optou por esperar 2017 para dar sequência ao processo de redução do juros no País.

Na semana passada, o comitê reduziu em 0,25 ponto percentual a taxa Selic, que passou a ser 13,75% ao ano. Esse foi o segundo corte de 0,25 ponto percentual. Questionado sobre as pressões para baixar os juros, Goldfajn disse que isso é recorrente no Brasil. Ele avaliou que o BC está fazendo o que é necessário, tem credibilidade e agora é “parte da solução”.

Recuperação gradual

 Durante o café da manhã com jornalistas nesta quarta-feira (7), Goldfajn disse que o BC entendeu que, a partir de setembro haveria uma reversão mais forte da recessão econômica, mas isso não aconteceu. “[Isso] não significa que não vai ter recuperação. A gente vê uma recuperação gradual mais adiante. Temos projeção de crescimento para 2017 melhor que 2016 e 2018 melhor do que 2017.”

Ilan Goldfajn acrescentou que o Banco Central é sensível ao nível de atividade mais fraca porque leva à redução das expectativas de inflação. Ele lembrou que, na reunião do Copom no final de novembro, chegou a ser discutida a possibilidade de intensificar o corte de juros imediatamente porque a inflação vem caindo.

Porém, o Comitê levou em consideração a resistência de alguns componentes do índice de preços. “Essa resistência, pode ser que daqui para frente venha a diminuir. Por duas razões: uma que a gente está vendo a inflação caindo e segundo porque a atividade está mais fraca do que a gente imaginava”, destacou.

Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) também consideram avanços nas reformas propostas pelo governo. Entretanto, decidiu-se esperar até a reunião do Copom em janeiro. “No final, houve consenso de aguardar para fazer a decisão sobre a intensificação na próxima reunião”, afirmou Goldfajn.

Goldfajn também disse que o cenário externo é mais desafiador, com a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (Brexit) e a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos. “O cenário é mais desafiador, mas não tem uma ligação mecânica entre o cenário externo e a política monetária [decisões sobre a Selic] porque tem que observar todos esses efeitos”, explicou aos jornalistas.

O presidente do Banco Central, quando questionado sobre pressões para reduzir os compulsórios Goldfajn, disse ser rumores”.

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Crise política

O presidente do Banco Central acrescentou que é preciso manter a serenidade diante das incertezas geradas pela crise política e olhar se as reformas serão implementadas. “Todo o resto, o ruído que forma, eu acho que a gente tem que passar um pouco por cima”, disse.

A crise a que ele se referiu foi gerada pela liminar que determinou o afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do cargo.

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