Com promessa de "reforma dura", governo deve lançar PEC da Previdência neste ano
Segundo secretário do Ministério da Fazenda, governo federal deve iniciar os debates sobre novo projeto após aprovação da PEC do teto de gastos
O governo federal deseja apresentar ainda este ano a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de Reforma da Previdência. De acordo com o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto de Almeida Júnior, os "20 slides" que explicam a proposta já estão prontos. Segundo ele, o objetivo do governo é iniciar conversas sobre o assunto após a aprovação da PEC do teto de gastos.
+ Reforma da Previdência é o próximo passo para ajuste fiscal, diz Meirelles
A equipe econômica também preparou outras 140 telas que mostram a situação atual da Previdência Social . Segundo o secretário, o pagamento a aposentados, que, segundo ele, têm parado de trabalhar cedo, é um dos principais gastos do governo. De acordo com Mansueto, o objetivo do governo é apresentar uma "reforma dura", com adoção de idade mínima de 65 anos para se aposentar para aumentar a contribuição.
+ Brasil está perto de deixar período de recessão econômica, avalia o FMI
"Não é normal pessoas se aposentarem com 50 anos. O país não aguenta mais pessoas se aposentarem tão jovens", disse o secretário. "Na década 1950, aguentava, de 60, 70, sim, era um país que tinha uma proporção [grande] de jovens, a economia, a força de trabalho cresciam rápido. Não é mais o caso". Atualmente, segundo estimativas do governo, cada aposentado se mantém com a contribuição de nove pessoas. Daqui a 30 anos, no entanto, a proporção seria reduzida para quatro.
"Estamos passando por um processo de mudança demográfica, que é muito sério, muito rápido e a gente não se preparou para isso", alertou, durante seminário da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro. O secretário não deu mais detalhes sobre a reforma e disse que o governo quer esclarecer o projeto para ministros, empresários e sindicatos.
"Vale esperar para ver o que, de fato, o governo vai apresentar", disse Mansueto. "Mas algo que é praticamente consensual é a questão da idade mínima, que tem em todos os países, e será necessária no Brasil também", afirmou. Segundo o secretário, o governo pode equiparar a idade mínima para homens e mulheres se aposentarem, como em outros países.
PEC do teto de gastos
Durante o seminário, Mansueto afirmou que o governo precisa cortar despesas para alcançar o equilíbrio nas contas públicas. A proposta seria uma alternativa para não aumentar mais impostos, já que, segundo ele, a carga tributária do País estaria um pouco acima da média de outros países da América Latina.
De acordo com o secretário, a PEC do teto de gastos não sofrerá alterações. Para ele, a tendência é que a aprovação no Senado seja mais fácil do que na Câmara dos Deputados. "Sempre fui pessimista. Mas estou otimista? Estou. Porque, conversando com deputados e senadores, eles agora têm percepção sobre o tamanho da crise", explicou.
A proposta que tramita no Senado determina que, nos próximos 20 anos, o governo federal só poderá gastar o mesmo valor do ano anterior corrigido pela inflação. Alguns setores da sociedade criticam a PEC 55 por causa da previsão de redução dos repasses para a educação e a saúde. O governo federal, no entanto, afirma que o projeto não irá trazer cortes nos investimentos e que o ajuste fiscal, incluindo reformas na Previdência, é essencial em um momento de crise econômica.
* Com informações da Agência Brasil.