Quase metade dos paulistanos está endividada: o que fazer para evitar a situação
Educador financeiro dá dicas para famílias com dívidas na renegociação e, também, para fugir de situações de endividamento e inadimplência no futuro
Em junho de 2016, o número de endividados em São Paulo passou a representar 49% da população. Quase um terço da renda mensal das famílias – ou seja, 29% – é comprometido com dívidas e a dificuldade em administrar as finanças acaba levando à inadimplência. Os dados são da 6ª Radiografia do Crédito e do Endividamento das Famílias Brasileiras, recém-divulgada pela Fecomercio-SP.
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De acordo com o educador financeiro presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), Reinaldo Domingos, o primeiro passo para sair dessa situação é fazer um diagnóstico financeiro, anotando todas as dívidas – sejam fixas ou temporárias.
“Durante 30 dias é preciso anotar todos os gastos separando por categorias, como ‘supermercado’, ‘roupas’ e ‘guloseimas’, para ver o comportamento bem esmiuçado, como em uma lupa. No final do período, é possível saber não apenas o quanto gastou, mas especialmente como usou o seu dinheiro, e então tem informações suficientes para melhorar seus hábitos”, orienta.
Segundo o especialista, esse diagnóstico detalhado permite que o consumidor renegocie suas dívidas de maneira mais segura, já que tem conhecimento real sobre sua situação financeira. Nesse sentido, é importante que a pessoa também saiba todos os seus ganhos (salários, rendimentos de investimentos e recebimentos de aluguéis, se tiver), além de saber o que deve.
Durante a negociação, é importante conversar bem com os credores, porque existem gastos que possuem juros mais altos, como aqueles do cartão de crédito e do cheque especial, e outras contas que correspondem a produtos e serviços essenciais, como moradia, energia elétrica e água. Aliás, segundo Domingos, são estas que devem ser priorizadas.
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Nessa etapa, o educador financeiro aconselha que a família endividada se reúna – incluindo as crianças –, a fim de falar sobre o problema e, em seguida, discuta as alternativas. Afinal, será necessário mudanças no comportamento de todos os integrantes para que a solução aconteça.
“É essencial que todos os integrantes da casa saibam poupar para quitar as dívidas e, principalmente, para não retornar a situação de endividamento e inadimplência no futuro”, enfatiza.
O pagamento das dívidas precisa ser bem administrado para que não gere inadimplência, que é quando a pessoas não conseguem pagar na data do vencimento. Caso isso aconteça, é importante não buscar uma nova forma de crédito para conseguir pagar a dívida em atraso sem atuar na causa do problema antes, que é o comportamento financeiro. Do contrário, a situação pode virar uma bola de neve.
Conheça seis orientações para sair da inadimplência:
- Muitas vezes, é importante dizer “devo, não nego, pago, como e quando puder”. Nunca se deve procurar o credor (pessoa ou instituição para quem se deve) antes de ter domínio completo da sua situação financeira, pois assim não terá condições de resolver o problema;
- A portabilidade é uma das ferramentas para reduzir o endividamento, portanto, procure por linhas de créditos mais baixas. Porém, é importante frisar: isso não resolve a causa do problema;
- No planejamento para pagar as dívidas, priorize as que têm os juros mais altos. Geralmente são as de cartão de crédito e cheque especial;
- Na hora de negociar, se for parcelar as dívidas, tenha certeza de que as parcelas caberão em seu orçamento;
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- Não existe uma porcentagem exata do quanto terá que direcionar para pagar suas dívidas, isso dependerá do diagnóstico financeiro feito previamente;
Além de quitar as dívidas , procure guardar dinheiro para fazer suas próximas compras à vista e obter descontos. Mesmo endividado, inicie o projeto de vida de ser independente e sustentável financeiramente. E não se esqueça: é preciso respeitar o dinheiro e entender que ele é um meio e não um fim.