Indústria da construção tem tendência de queda e demissões somam 468 mil
A atividade de construção está abaixo da média desde maio de 2012 e continua a cair, segundo dados da CNI e do Sindicato do setor nesta sexta
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou nessa sexta-feira (23) que a indústria da construção enfrenta um cenário desafiador com tendência de queda. De acordo com a entidade, o nível de atividade está abaixo do usual desde o mês de maio de 2012 e, assim como em relação ao emprego no País, tem tendência de piora.
Ainda de acordo com a CNI, a indústria da construção apresenta redução no nível de atividade e do número de empregados menor do que a observada durante todo o ano de 2015. Dessa maneira, a crise parece estar freando.
O indicador da atividade variou dentro da margem de erro, atingindo 41,8 pontos em agosto, o que significa 0,5 ponto inferior ao registrado em julho. Contudo, este indicador acumula alta de 8,5 pontos no ano, indicando a redução do ritmo de queda da atividade.
Já o indicador do emprego no setor ficou estável em 39,6 pontos entre julho e agosto, o que mostra que acumula alta de 6,6 pontos ao ano. Os valores abaixo de 50 indicam queda da atividade e do emprego em relação ao mês anterior.
Dados do desemprego
De acordo com um levantamento realizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, a construção civil no Brasil cortou 31,1 mil postos de trabalho em julho, o que significa queda de 1,13% no nível de emprego em relação a junho. As maiores quedas ocorreram no Nordeste (-1,55%), seguido pela Região Sudeste (-1,42%). Apenas o Centro-Oeste apresentou alta (0,13%).
Essa foi a 22ª baixa consecutiva no saldo entre contratações e demissões no setor que tem atualmente 2,73 milhões de trabalhadores. No acumulado de janeiro a julho, foram fechadas 170,3 mil vagas. Em 12 meses, o número de empregos suprimidos soma 468,8 mil.
Em nota, o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, atribuiu o crescimento do desemprego à recessão econômica. “Embora os empresários do setor estejam menos pessimistas com o futuro desempenho das construtoras, a persistência dos juros altos, o desemprego, o declínio da renda das famílias e as restrições à concessão de financiamentos determinam a atual escassez de novos investimentos no setor”, diz o texto.
As informações têm como base os dados do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE).
Redução da ociosidade
O indicador da CNI também mostra o nível de atividade efetivo-usual [comum ao mês] no setor. Segundo o divulgado, esse número caiu 1,1 ponto na passagem de julho para agosto e encontra-se 22,3 pontos abaixo da linha divisória de 50 pontos . Mesmo assim, segundo a confederação, não se pode afirmar que o movimento de redução da ociosidade, que começou no segundo trimestre, tenha chegado ao fim.
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A utilização da capacidade de operação (UCO) em agosto atingiu 56%, 1 ponto percentual abaixo da registrada em julho e 10 pontos percentuais inferior à média do mês de agosto dos anos anteriores.
Os empresários do setor ainda estão pessimistas, com os indicadores de expectativa oscilando dentro da margem de erro na passagem de agosto e setembro. Os índices que mostram a expectativa do nível de atividade e de novos empreendimentos e serviços subiram, indo de 46,1 para 44,8 pontos em agosto, respectivamente, e de 46,9 para 45,5 em setembro.
Na mesma base de comparação, os indicadores de expectativa de compras de insumos e matérias-primas e do número de empregados variaram de 44,3 e 43,5 pontos para 45,0 e 44,1 pontos. Os índices de expectativa variam de 0 a 100 pontos. Valores abaixo dos 50 pontos indicam expectativa de queda.
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“A baixa utilização da capacidade operacional, a fraca atividade e a difícil situação financeira das empresas do segmento da construção desestimulam os empresários a investir. O indicador de intenção de investimento ficou praticamente estável em 26,9 pontos, na passagem de agosto para setembro, permanecendo entre os menores níveis da série”, finaliza a CNI.