Venda e lançamento de imóveis em SP recuam ao menor patamar em 12 anos

Em abril, as vendas tiveram um volume 46% menor do que no mesmo mês de 2015; lançamentos sofreram redução de 78,7%

As vendas e os lançamentos de imóveis residenciais novos na capital paulista registraram queda recorde no acumulado do ano, de acordo com pesquisa do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) em parceria com a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp).

Foto: Thinkstock/Getty Images
'Estamos com um quadrimestre muito ruim. Devemos ter atingido o fundo do poço', afirma o economista-chefe do Secovi-SP, responsável pela pesquisa

No mês de abril, foram comercializadas 1.182 unidades, volume 46% menor do que no mesmo mês do ano passado. Já no acumulado dos primeiros quatro meses de 2016, as vendas totalizaram 4.038 unidades, recuo de 18% frente ao mesmo período de 2015. Esse é o menor patamar no quadrimestre já registrado pela pesquisa, que é realizada com essa metodologia desde 2004. Até então, o pior ano havia sido 2015, com apenas 4.900 unidades vendidas no quadrimestre de janeiro a abril.

Devido à baixa liquidez, os incorporadores vêm suspendendo boa parte dos novos empreendimentos que seriam ofertados ao mercado. Os lançamentos em abril somaram 695 unidades, redução de 78,7% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Entre janeiro a abril de 2016, foram lançadas 2.387 unidades na capital paulista queda de 56% em relação ao mesmo período de 2015. O volume de lançamentos também é o mais baixo já registrado desde o início da pesquisa.

"Estamos com um quadrimestre muito ruim. Devemos ter atingido o fundo do poço", afirma o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci.

A velocidade de vendas dos imóveis - indicador que mede a relação entre o total de unidades comercializadas e o total de unidades no estoque - foi de 4,5% em abril, patamar abaixo dos 7 2% do mesmo mês do ano passado. Já no acumulado de 12 meses, ficou em 40,3%.

A cidade de São Paulo encerrou o mês de abril com 24.961 unidades disponíveis para venda, patamar ainda bastante acima da média histórica na cidade, que gira em torno de 17.000 unidades. O estoque é composto por imóveis na planta, em construção e prontos novos, lançados nos 36 meses anteriores.

Perspectivas

Apesar dos dados negativos até aqui, Petrucci diz haver sinais de que o desempenho do mercado imobiliário será melhor no mês de maio. O economista conta ter apurado crescimento no número de pessoas que visitaram os estandes das empresas e fecharam negócios ao longo do último mês. O motivo seria a votação do Senado que afastou a presidente Dilma Rousseff e, na avaliação do representante do sindicato patronal, ajudou a aumentar a confiança de empresários e consumidores sobre o futuro do País.

"As visitas nos plantões de vendas cresceram como em um passe de mágica. De abril para maio, tanto as visitas quanto as conversões em vendas melhoraram muito. A expectativa é que maio apresente números melhores de vendas e lançamentos", disse Petrucci. "A percepção é que isso aconteceu devido ao primeiro passo, que foi o impeachment", completa, citando também a aprovação da nova meta fiscal no Congresso e o avanço nas discussões sobre o limite dos gastos públicos, que indicam mais sintonia entre os Poderes Legislativo e Executivo.

Petrucci acredita que, se as medidas de ajuste fiscal e pacificação política forem constantes, há espaço para retomada do crescimento no último trimestre do ano - considerando a comparação de dados de 2016 com os de 2015. "Vagarosamente, se as notícias continuarem boas, nosso mercado poderá ter estabilidade logo e recuperação a partir do ultimo trimestre do ano", estima.

O Secovi-SP não divulgou uma projeção oficial para o volume de lançamentos e vendas em 2016 devido ao alto grau de incertezas sobre os rumos da economia brasileira. O economista-chefe evita citar uma projeção, mas comenta que, se a melhora citada se confirmar nos próximos meses, o mercado imobiliário pode encerrar o ano com números próximos ao de 2015, com cerca de 20.000 unidades vendidas e 23.000 lançadas. "Se a expectativa se concretizar e o mercado ganhar confiança, o ano de 2016 ainda pode ser igual a 2015", estima.