Desempregado? O que você deve fazer nesse período de buscas pela vaga
Nada de pijama e sofá o dia todo: buscar recolocação no mercado exige rotina ativa e proveitosa, segundo especialistas
O nível de desemprego no País chegou a 10,2% no mês de abril, o que significa que quase 11 milhões de pessoas estão na busca de recolocação no mercado. Estar desempregado pode ser bastante desanimador ou tenso, mas, ao contrário daquela imagem da pessoa de pijamas, vendo TV o dia todo, o período de procura por uma vaga deve ser bem aproveitado, uma vez que permite a reflexão sobre a carreira (conquistas e fracassos), dá tempo para planejamentos futuros e, finalmente, te dá tempo para cair de cabeça em novos aprendizados para o currículo.
A primeira dica para fugir da inércia é manter uma rotina com atividades diárias: acorde e durma cedo, não fique de pijamas, faça atividades físicas, tenha uma alimentação equilibrada. “A pessoa deve tomar iniciativas para combater a baixa autoestima, comum nesta fase difícil. Afinal, precisará convencer que merece ser contratado”, afirma Randes Enes, coach, consultor de empresas e professor da FGV nas áreas de gestão de pessoas, estratégia, marketing e vendas.
Para uma rotina proveitosa, é ideal incluir atividades relevantes para a vida profissional, tais como envolver seu networking, trabalhar suas buscas nas redes sociais, encaminhar currículo etc. Veja o que os especialistas indicam.
Cursos e mais cursos
Por mais que você seja experiente e tenha realizações na sua carreira, é sempre possível aprender mais. Assim, faça cursos que tragam um diferencial para o currículo. Uma dica dos especialistas é a busca de cursos que possam complementar conhecimentos como aqueles relacionados ao comportamento, que têm sido bastante cotados no mercado, como cursos de inteligência emocional, negociação, gestão de crise etc.
Estudar novos idiomas também é uma boa ideia. “Hoje, as empresas de exportação estão crescendo no nosso País, com o dólar propício para isso. O espanhol, por exemplo, é cada vez mais requerido, já que países vizinhos têm participação crescente na economia, como Colômbia, Chile”, destaca Marcel Spadoto, Consultor e Palestrante em Negócios, Vendas e Marketing da Spadoto Consultoria.
“Se a pessoa tiver condições, é interessante investir em uma experiência internacional para aprender a língua, principalmente se não a domina. Além do idioma, ganhará uma importante bagagem cultural”, diz Randes Enes.
Já domina as línguas mais comuns? Você pode, então, focar nos idiomas falados nas matrizes de empresas onde você pretende trabalhar. Isso te permitirá aproximar da cultura da companhia e, claro, te coloca um passo à frente dos concorrentes.
Marcel enfatiza que não há desculpa para não incluir o aprendizado nesse momento, pois há diversas opções gratuitas: online ou em instituições de ensino. “Além disso, a pessoa pode participar de sites de ensino colaborativo, que são muito interessantes”, afirma.
Networking é tudo
O cuidado com sua rede de relacionamentos não deve parar nunca, isso é fato. E, neste momento, estas pessoas são o que você tem de mais precioso nas mãos. A dica é você fazer uma lista de 20 ou 30 profissionais que são influentes e que podem te ajudar de alguma maneira ou que já trabalharam com você e faça contato com elas (de preferência, marque um café para uma conversa pessoalmente).
“Antes de sair pedindo emprego ou mandando currículo, a pessoa deve se preparar, se fortalecer, conversando com profissionais que possam dar orientação, esclarecer como anda o mercado etc”, defende Marcel.
O profissional indica que esse contato seja feito em três passos:
1) Liste pessoas que possam te aconselhar;
2) Liste pessoas que possam te recomendar para uma vaga e/ou empresa;
3) Liste pessoas que possam te empregar.
Claro que muitas podem estar incluídas nos três grupos – mas o importante é entrar em contato, conversar e ter calma. Saiba ouvir o que elas têm a te dizer.
Currículo sincero
Mentir é proibido! Exagerar no número de páginas ou descuidar do português também estão fora de cogitação.
"É importante ter cuidado no preparo do currículo, pois diretores, presidentes e líderes de empresas recebem centenas deles diariamente. Mas o documento é apenas parte do processo. Ele será fortalecido, por exemplo, com a recomendação por profissionais que saibam de suas habilidades e conquistas em outras empresas. O que você escreve no seu currículo deve ser pontos-básicos e, claro, ser voltado para aquela vaga. Afinal, com o que você pode colaborar com aquela empresa?", destaca Marcel.
Redes sociais
As redes sociais são uma ferramenta básica para os profissionais atualmente. Uma das mais interessantes para o recrutamento é o LinkedIn, responsável por grande parte das contratações. A rede social permite o contato entre os profissionais, sendo mais uma maneira de aumentar e manter o networking. Para isso, sua página deve apresentar características básicas para ser efetiva. Fique atento:
- Tudo em dia: suas informações devem estar atualizadas;
- Perfil: não coloque que você está ‘em busca de recolocação’, mas sim seu último cargo, como “ex-diretor de tal lugar”, acompanhado de uma foto adequada, com roupa mais formal.
- Valorize-se: destaque projetos que realizou em empresas, suas qualificações, chame as pessoas da rede de contato para recomendá-lo.
- Seja lembrado: ter visibilidade é importante! Assim, busque criar conteúdo sobre assuntos relacionados ao seu trabalho, sua área de conhecimento. Convide gerentes e diretores de RH. E coloque projetos sociais realizados, eles são bem vistos pelas empresas.
“Outra coisa importante: a pessoa precisa manter essa postura nas outras redes sociais, evitando fotos que possam a comprometer, por exemplo. As empresas querem que os profissionais ajam de maneira coerente: que se portem semelhantemente como profissional e como pessoa”, lembra Randes.
Portanto, cuidar de você mesmo e dedicar um tempo diariamente para estudar, entrar em contato com colegas, pedir orientação e recomendações e ter paciência são chave para esse período de espera. Que é passageiro, lembre-se sempre disso. “Nesse momento, você não representa nenhuma empresa, e, sim, a si próprio. Você é seu próprio cartão de visitas. Então, observe sempre em como está se representando”, finaliza o consultor.