Pequeno investidor: onde aplicar o “dinheiro parado” para fazê-lo render mais
Especialistas contam os cuidados essenciais, os melhores e os piores investimentos para quem está começando no mercado
Guardar dinheiro no colchão é quase pré-histórico, certo? Então, se você tem uma economia e quer fazer com que isso renda, pode considerar opções muito além do bom e velho cofrinho – ou da famosa conta poupança. O melhor de tudo é que, independente da quantia, há opções que podem ser interessantes para começar um investimento.
“O mercado hoje é bastante democrático e permite alternativas viáveis mesmo para pequenos investidores”, afirma Juliana Inhasz, sócia-fundadora da consultoria Stokos Economic Research e professora da FECAP.
O que levar em consideração
Mas, antes de começar o investimento é preciso ter cautela. Cuidados são ainda mais essenciais para quem não possui experiência ou conhecimento do mercado. “Antes de mais nada, a pessoa tem que certeza de que o capital investido não irá fazer falta em um espaço de tempo, ou seja, de que poderá lidar com as contas sem necessitar daquele montante, pois há uma liquidez exigida para a maioria dos investimentos”, destaca Juliana.
Outro cuidado é fazer uma pesquisa e colocar no papel o custo total do investimento, para não se iludir com rendimentos líquidos. Inclua o custo de taxas de administração, de imposto de renda, ou mesmo de aquisição do título – o ideal, para o início, são investimentos de custo mínimo: elimine, por exemplo, aqueles que tenham uma taxa de manutenção da conta.
O professor dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Sérgio Bessa, explica que, como todos os investidores, e principalmente, os iniciantes devem buscar a alternativa que chegue mais próxima de contemplar a tríade: Rentabilidade – Liquidez – Segurança. Dessa maneira, é possível encontrar o investimento mais associado ao seu perfil.
“No mundo ideal, as três características deveriam andar sempre juntas. Porém, não encontraremos um investimento que tenha 100% de cada uma, na prática. Assim, preciso equilibrar, com meu perfil, o que eu quero”, aconselha. “Quando escolho aplicar em um fundo de investimento de qualquer banco, por exemplo, terei segurança, liquidez, mas não, rentabilidade. Ou posso querer mais segurança e rentabilidade, como acontece com a LCI, mas meu dinheiro terá de ficar preso por algum tempo - de 3 meses a 1 ano, perdendo a liquidez”, exemplifica.
Dessa maneira, antes de qualquer coisa, é preciso entender seu perfil e não se deixar levar pelo “papo” de algum amigo ou parente – ou mesmo daquele gerente do seu banco. Portanto, não se deixe seduzir por opções muito “fáceis”, como as que apresentem rentabilidade muito maior do que a média do mercado.
Tenha cautela com fontes desconhecidas, como bancos ou fundos pequenos, pois, em busca de rentabilidade instantânea, você pode estar arriscar não só a segurança, mas também a liquidez, pois tais investimentos costumam ter validade longa (como os títulos de capitalização).
“Imaginemos que alguém ofereça uma aplicação de 2%, sendo que a média no mercado é de 0,80%. Há algo de estranho aí. Desconfie. Outra coisa, observe se é uma instituição confiável, pois você pode arriscar-se a aplicar e o banco quebre, por exemplo”, diz Sérgio.
Por fim, não tente seguir a onda de grandes investidores, como apostar em Bolsa de Valores, uma vez que a volatilidade desse investimento é grande e muito arriscada para pessoas com pouco conhecimento de mercado.
“A gente sabe que a melhor coisa para o investidor é diversificar, porque diminui os riscos que vêm do mercado. Mas, em geral, quando as pessoas começam a investir, não têm visão muito boa de onde estão ganhando ou perdendo. Assim, para o início, não pode fazer grandes investimentos. Depois, com mais segurança, pode diversificar e aumentar a quantia”, diz Juliana.
Melhores opções
Segundo os especialistas consultados pelo iG , nesse momento de aumento de taxas de juros, expectativas ruins para a economia e instabilidade política, os melhores investimentos são os ativos de renda fixa, como os títulos do Tesouro Direto (que permite aplicações a partir de R$ 30), títulos públicos nos quais a pessoa pode investir através do site ou junto com o gerente de pessoa física.
Outro investimento de título recomendado é o CDB (Certificado de Depósito Bancário), com o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) sendo o principal representante. No momento, é recomendável o CDB pós-fixado, que possui rentabilidade muito próxima da taxa básica de juros, a Selic.
É importante ressaltar que o percentual pago do CDI varia de banco para banco, dependendo também do valor investido e da negociação feita, mas que tem média entre 70% e 90%. A vantagem desse investimento é que não possui taxa de aplicação, ao contrário de fundos do Tesouro Direto, porém tem limite mínimo de investimento mais alto que aquele.
Para Sérgio Bessa, as melhores opções, atualmente, são o LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e o LCI (Letras de Crédito Imobiliário), que são investimentos de renda fixa isentos de Imposto de Renda, o que garante rentabilidade líquida maior. É possível investir em LCI ou LCA em corretoras ou bancos de varejo. A maior desvantagem é a liquidez, já que os títulos têm data de vencimento para o saque do montante.
Outra dica do especialista são as boutiques de investimentos, que são assessorias financeiras independentes, nova tendência do mercado do País, que podem ajudar o pequeno investidor a encontrar a área ou banco que contempla seu perfil. Atualmente, as boutiques de investimento são mais comuns nas áreas de Gestão de Investimentos ou Bancos de Investimentos, que têm mais diversidade do que bancos de varejo.
Pequeno investidor, evite tais investimentos
Ainda de acordo com os especialistas, investidores iniciantes devem evitar:
- Poupança: rendimento abaixo da inflação, faz com que, na realidade, o investidor “perca dinheiro”;
- Ações em Bolsa de Valores: com o mercado muito volátil, é preciso ter muito conhecimento, sendo um investimento de risco;
- Compra de moeda internacional (dólar): muito dependente do mercado, é difícil prever rentabilidade pela alta volatilidade;
- Fundos imobiliários: acompanham o movimento das atividades econômicas, não sendo seguro no momento;
- Título de capitalização: péssimo no sentido de liquidez, o investimento é semelhante, na melhor das hipóteses, a deixar o dinheiro parado por anos.
Se você ainda não tem uma grana para investir, inspire-se nessas ideias e comece a fazer um cofrinho. “Eu digo isso para meus filhos, então é um conselho valioso. Todos nós devemos guardar 10 por cento do salário para uma poupança. Assim, em 30 anos, a gente já tem independência. Economizar essa quantia é como se dar um dízimo, deve ser levado a sério como uma religião”, ilustra Sérgio.
Lembre-se: grandes investidores começaram com pequenos investimentos, testando e vendo as possibilidades para diversificar e aumentar. Quem sabe começando agora você não vai sentindo mais confiança e, futuramente, ter o retorno desse cuidado?
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