Dólar tem leve queda mesmo com intervenção do BC
Moeda recuou 0,10%, a 3,4760 reais na venda, após atingir 3,5335 reais na máxima e 3,4557 reais na mínima da sessão
O dólar fechou com leve baixa sobre o real nesta quinta-feira, influenciado por crescentes apostas no impeachment da presidente Dilma Rousseff, a despeito da pesada atuação do Banco Central no mercado.
O dólar recuou 0,10%, a 3,4760 reais na venda, após atingir 3,5335 reais na máxima e 3,4557 reais na mínima da sessão. O dólar futuro, que havia reduzido as perdas após o fechamento do mercado à vista na sessão anterior, recuava cerca de 0,6 por cento no final da tarde.
"O BC está usando artilharia pesada, mas as expectativas de impeachment são cada vez mais fortes. É uma verdadeira queda de braço", disse o superintendente regional de câmbio da corretora SLW, João Paulo de Gracia Corrêa.
O BC promoveu três leilões de swap reverso, equivalentes a compra futura de dólares, vendendo ao todo 120 mil contratos. Além disso, não anunciou pelo terceiro dia seguido leilão de rolagem dos swaps tradicionais, correspondentes a venda futura de dólares, que vencem no mês que vem.
A autoridade monetária tem atuado pesadamente nos mercados nos últimos dias. Com isso, o BC reduziu em 21,5 bilhões de dólares o estoque de swaps tradicionais só por meio dos leilões dos reversos. E, se não fizer mais leilões de rolagem, deixará o equivalente a 8,6 bilhões de dólares vencerem. Ou seja, o estoque atual de cerca de 100 bilhões de dólares cairia em quase um terço.
Mesmo com a forte intervenção recente, porém, o dólar continuou girando em torno 3,50 reais, perto das mínimas em oito meses.
Muitos operadores que vinham apostando na alta da moeda norte-americana ou comprado dólares para se proteger de variações cambiais desmontaram essas posições nas últimas semanas sob expectativas crescentes de que eventual impeachment de Dilma atraia recursos externos para o Brasil.
"Parece que os votos a favor do impeachment não param de crescer e não consigo ver nada que poderia interromper essa tendência até o dia da votação", disse a operadora de uma corretora nacional.
O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), afirmou nesta quinta-feira que cerca de 90 por cento dos deputados do PMDB se manifestaram a favor do afastamento e esse será o encaminhamento da bancada na votação.
Outro fator que contribuiu para pressionar o dólar para baixo nesta sessão foram apostas de que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgaria mandado de segurança apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) contra o processo de impeachment, após a Côrte convocar reunião extraordinária para esta tarde.