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IPCA acumula alta de 7,31% em 12 meses e se distancia mais do teto da meta de 6,5% estabelecida pelo Banco Central para o ano

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a chamada inflação oficial, avançou para 0,53% em setembro é a maior para o período em oito anos. Em agosto , a taxa de inflação havia sido de 0,37%.

Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período de um ano, até setembro, os preços no País acumulam uma alta de 7,31%. A maior variação acumulada neste mesmo intervalo até então havia sido registrada em 2003, quando o IPCA teve avanço de 15,14% pelo critério anualizado.

Comportamento da inflação oficial

Variação do IPCA no mês, no ano e em 12 meses até setembro

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Fonte: IBGE

No acumulado do ano, de janeiro a setembro, o índice de preços acumula uma variação de 4,97,%, a maior alta para o período em sete anos.

Mas segundo a avaliação de alguns analistas, esse cenário de forte aceleração dos preços no mercado interno pode estar chegando ao fim.

Se esse comportamento se confirmar, deve haver alívio na pressão sobre o Banco Central que na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu em 0,5 ponto percentual a taxa de juros Selic, de 12,5% para 12% ao ano.

Desde então, a decisão da autoridade monetária vem sendo criticada por parte dos analistas do mercado financeiro.

O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980 e se refere às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange nove regiões metropolitanas do País, além dos municípios de Goiânia e de Brasília.

Para o cálculo do índice do mês foram comparados os preços coletados de 27 de agosto a 28 de setembro de 2011 com os preços no período de 29 de julho a 26 de agosto de 2011.

Alimentos

De acordo com o IBGE, os preços dos alimentos aumentaram 0,64%, causando impacto de 0,15 ponto percentual sendo responsável por 28% do índice do mês. Vários produtos ficaram mais caros, com destaque para o feijão carioca (6,14%), açúcar refinado (3,82%) e cristal (3,42%), frango (2,94%) e leite (2,47%).

Apesar da alta, o grupo alimentação e bebidas mostrou desaceleração na comparação de agosto (0,72%) para setembro (0,64%), o que é explicado pelo menor crescimento de preços de produtos como carnes (de 1,84% em agosto para 0,99%), frutas (de 3,07% para 1,45%) e pão francês (de 0,63% para 0,57%), além das reduções nos preços do alho (de -8,96% para -16,84%), cebola (de -7,40% para -7,69%) e tomate (de -0,58% para -6,79%).

Passagens aéreas

As passagens aéreas, segundo o IBGE,  exerceram o principal impacto no índice de inflação de setembro, com 0,09 ponto percentual. Para viagens em setembro, os vôos disponíveis subiram, em média, 23,40% em relação à média daqueles que foram disponibilizados pelas empresas para viagens em agosto, mês em que as tarifas haviam apresentado queda de 5,95%. Assim, enquanto as despesas com transportes haviam mostrado estabilidade em agosto, com variação de apenas 0,03%, em setembro a variação chegou a 0,70%.

O resultado do grupo foi influenciado, também, pelos combustíveis (de -0,09% em agosto para 0,69% em setembro), com o preço do litro do etanol indo dos 0,30% registrados em agosto para 3,00% de setembro, e o litro da gasolina, 0,50% mais caro, enquanto em agosto teve queda de 0,14%.

Outros itens também exerceram  influencia na variação geral do índice de infalção em setembro. Os aluguéis residenciais, por exemplo, subiram 0,92%, o gás de botijão subiu 1,36% e a taxa de água e esgoto ficou 1,19% mais cara, implicando aumento de 0,71% nas despesas com habitação, bem mais do que em agosto (0,32%).

O pagamento dos salários dos empregados domésticos teve uma variação de 1% e os artigos de vestuário ficaram mais caros em 0,80%. Com isso, os produtos não alimentícios tiveram variação de 0,50%, acima dos 0,26% do mês de agosto.

Entre os índices regionais de inflação, a maior variação foi registrado na região metropolitana de Curitiba (0,86%) influenciado pela forte alta nos preços dos alimentos (1,02%), passagens aéreas (26,24%) e combustíveis (4,16%). A menor variação em setembro foi registrada em Belém (0,15%) tendo em vista o resultado do grupo alimentação e bebidas (0,16%), o menor entre as regiões pesquisadas.

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) registrou variação de 0,45% em setembro, pouco acima do resultado de 0,42% de agosto. Com isto, o acumulado do ano fechou em 4,61%, acima da taxa de 3,80% relativa a igual período de 2010. Considerando os últimos doze meses, o índice situou-se em 7,30%, abaixo dos doze meses imediatamente anteriores (7,40%). Em setembro de 2010 o INPC havia ficado em 0,54%.

Segundo o IBGE, os produtos alimentícios apresentaram variação de 0,61% em setembro, enquanto os não alimentícios aumentaram 0,38%. Em agosto, os resultados ficaram em 0,70% e 0,30%, respectivamente.