"Tem muita coisa interessante na bolsa para quem sabe garimpar"
Ter um time composto por profissionais eleitos os melhores pela Revista Exame pode ser o sonho de muitas Asset, mas definitivamente não é nada trivial
Ter um time composto por profissionais eleitos os melhores pela Revista Exame pode ser o sonho de muitas Asset, mas definitivamente não é nada trivial. É sobre conquistas como essa que Rodrigo Fonseca, CIO da Frontier Capital abriu o último Cara a Cara com o Gestor, programa que vai ao ar toda quarta-feira às 17:30h no canal do Modalmais no Youtube.
Além de Rodrigo Fonseca, eleito o melhor gestor de ações pela Revista Exame em 2012, a Asset conta também com Jorge Dib Neto, profissional com mais de 20 anos de experiência em mercado financeiro e recebedor do prêmio 5 estrelas da Revista Exame (2003) e da Invest Tracker pela gestão do fundo ABN AMRO FIF.
A pergunta que se faz é: o que faz um gestor ser eleito o melhor dentre tantos na indústria? Ou ainda, quais cases este gestor olha a ponto de sua gestão se diferenciar entre seus pares? No Frontier Long Bias talvez encontremos uma pista desta resposta, isto porque, nas palavras do próprio Rodrigo o fundo é “diferente da indústria” e “possui um conceito moderno”. Conforme aponta, o grande diferencial do produto é inserir em um portfólio de ações uma carteira global defensiva, fazendo o fundo navegar bem em qualquer ambiente de mercado. A proteção, por sua vez, se faz através da venda de índice e de ações, além de 40% do fundo que fica alocado em ativos macro globais (títulos de países desenvolvidos, ouro e commodities), o que permite o fundo resistir bem às adversidades.
Outro diferencial da gestora é a sinergia entre os times micro e macro. “O Brasil é um país que o lado direcional não é o mais forte, tanto é que a bolsa passiva tem rendido historicamente em linha com o CDI da ordem de 3% real; já a gestão ativa é muito boa, porque consegue se diferenciar muito e ter um trabalho muito bem fundamentado”, destaca Rodrigo. Além do Frontier LB, há também a estratégia Frontier Ações. Ambos buscam ganhos de stock-picking, com a ressalva de que o primeiro possui menos exposição direcional.
Do Macro ao Micro e do Micro ao Macro
“Ganhamos muito dinheiro acertando os calls de commodities com cabeça top down, não micro”, ressalta Fonseca. Apesar de fazerem forte análise microeconômica, a análise macroeconômica top-down é sempre relevante na tomada de decisão. Como exemplo, Fonseca citou o sucesso ao tomar posição em SLCE3, que após alta de 49% fez o Frontier ações abrir ganho de 6,8% sobre o Ibovespa (jan/feveiro 2021). A esta análise bottom-up, somou-se a análise top-down de aumentar exposição em commodities agrícolas.
Em maio 2021 Rodrigo contou como a equipe de macro global estava rediscutindo posição em China, pois percebiam que uma vez passada a demanda represada + reposição de estoque, a força compradora tenderia a diminuir. Com isso no radar, começaram a reduzir exposição em China e assim se anteciparam, inclusive, à queda do minério de ferro. Já em novembro, e num movimento de reversão, perceberam expectativas globais muitos pessimistas com relação à China, quando na visão da Frontier consistia em “travas meramente passageiras”. Com isso, “entraram pesado”, conforme contou Rodrigo, e conseguiram pegar a boa alta da Vale.
Porém engana-se quem pensa que existe somente o do macro ao micro. Rodrigo revelou que em uma das análises top-down da Frontier, começaram a buscar empresas ligadas à reabertura econômica, isto é, empresas que poderiam ser impulsionadas com o fim dos lockdowns provocados pela pandemia da COVID-19. Com isso, precisaram estudar cases mais específicos e foi a assim que “conheceram” o case da Vivara, posição que carregam em carteira até hoje: “empresa está indo muito bem, vai superar muito as expectativas, pois apesar de ser Varejo, depende de classes mais altas de renda, e que estão segurando bem a onda”. Conforme lembrou, este foi uma “tema que surgiu como vontade top-down, mas acabaram usando um trabalho micro e essa combinação é muito rica”.
“Tem muita coisa interessante na bolsa para quem souber garimpar e com o tempo isso acaba dando resultados”
Além de toda riqueza de detalhes acerca das estratégias da casa, Rodrigo contribuiu ainda no sentido de apontar cases/ empresas que, a seu ver, valem a pena dar atenção. Para o gestor, as empresas domésticas foram muito sacrificadas, especialmente pelo grande fluxo de resgate em fundos. No entanto, se as incertezas domésticas trazem sacrifícios, trazem também oportunidades: as empresas se tornaram mais convidativas, como é o caso da Renner: “múltiplos muito baixos para a empresa que é”, “historicamente resiliente”, “utilização de caixa para se consolidar na crise” e “ganho de market-share” foram algumas das referências dadas por Fonseca com relação à varejista. Para ele, a compressão de margem da empresa vem em duas vias: pela demanda, visto que a queda da renda reduziu o consumo – fora a inflação, que corroi o poder de compra do consumidor; pela via da oferta, visto que os gargalos na produção e a consequente elevação dos custos não conseguem ser repassados integralmente ao consumidor final.
Outro ponto de atenção sinalizado por Rodrigo refere-se ao setor energético, com destaque para as empresas Cespe e Equatorial. Quanto à última, Rodrigo enfatiza ainda o fato de ser uma empresa bastante defensiva e depender menos de ambiente econômico: “está com um ponto de entrada nunca visto antes”.
É claro que nem todo case que é interessante encaixa em qualquer portfólio, isto porque é preciso analisar não só o perfil do investidor, mas também o peso alocado em cada tipo de ativo. No entanto, como lembra Rodrigo, “tem muita coisa interessante na bolsa para quem souber garimpar e com o tempo isso acaba dando resultados”.
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