O desemprego no Brasil atingiu mais uma vez o maior patamar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, iniciada em 2012, ficando em 9,5%. Isso significa que o número de brasileiros desocupados é quase equivalente ao número de habitantes de Portugal: 9,6 milhões. A população do país europeu é de 10 milhões.
Segundo cálculos do economista Alexandre Cabral, divulgados em 10 de abril, por hora, 282 pessoas ficam desempregadas no País. E as estimativas para o fim do ano são ainda mais desanimadoras: essa taxa deve subir para 12 milhões.
Diante de uma situação como essa, inevitavelmente muitas pessoas se perguntam: “Como devo agir de for atingido por esse problema?” O iG consultou dois especialistas para esclarecer como agir e se organizar em caso de desemprego.
Organize-se
Em primeiro lugar, é recomedável fazer uma planilha detalhada de receitas e despesas (some, inclusive, dívidas e parcelamentos, se os tiver). “Você precisa saber quanto gasta mensalmente para poder fazer uma reestruturação financeira e cortar o que é não é primordial”, explica Myriam Lund, professora dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas. Em outras palavras, é necessário se planejar antes de tomar qualquer decisão.
Faça uma reserva financeira
O segundo passo é fazer uma reserva financeira, guardar dinheiro para os próximos seis ou 12 meses. “O ideal é ter dinheiro para um ano porque a gente nunca sabe quando vai conseguir outra recolocação no mercado”, aconselha Lund.
"O desempregado tem de ter dinheiro para pagar as suas despesas e também investir em um curso e retomar a carreira", destaca o educador financeiro Reinaldo Domingos. Para isso, é recomendável reter os valores ganhos de fundo de garantia, seguro desemprego, rescisão e férias vencidas.
Tente liquidar as dívidas
Quem está desempregado só deve se preocupar em liquidar as dívidas depois de fazer a reserva. Mas isso não significa que ele não tenha que negociar os débitos com o credor antes de liquidá-los. “Você não vai abandonar o credor, mas dar uma satisfação a ele. Deixe claro que você está sem dinheiro naquele momento, mas que não quer se tornar inadimplente. Antes disso, coloque na conta de alguém confiável o dinheiro da rescisão ou do fundo de garantia”, explica Domingos.
Durante a negociação, é bom buscar diminuir os juros e esticar os débitos, e evitar fazer acordos que não poderão ser honrarados, afinal o desempregado não terá receita recorrente.
Congele o cheque especial e os cartões
Quem está desempregado deve aposentar o cartão de crédito, os cartões de lojas e o cheque especial. Caso não seja possível pagar esse valores mais tarde, a pessoa pode tomar um caminho sem volta porque os juros são exorbitantes. Por isso, os especialistas recomendam usar apenas dinheiro em espécie. “Ande apenas com o dinheiro que está disposto a gastar para que você consiga cumprir o orçamento a que se propôs”, sugere Lund.
Mude seu padrão de vida
O próximo passo é refletir sobre o que é prioridade e fazer uma faxina financeira. Quem está desocupado deve pensar se as despesas com TV a cabo e smartphones não podem ser eliminadas, e se a ida a restaurantes e baladas não pode ser diminuída. É hora de priorizar o que realmente é fundamental e envolver a família no projeto de reestruturação.
Aceite trabalhos temporários
Caso seja muito difícil conseguir uma recolocação na sua área de atuação, o desempregado pode procurar fontes de renda fora dela, especialmente se estiver endividado. “Empregos alternativos podem ser oportunidades de mudança! Muitas pessoas descobrem novos talentos e desenvolvem outras capacitações em outras áreas”, conta Lund.
Invista em você
Se não tiver dívidas a quitar, é recomendável aplicar parte da reserva financeira em capacitação profissional, ou seja, aproveitar esse período para fazer um curso de profissionalização ou especialização e ampliar o networking. Quem está desempregado, deve inclusive se posicionar como alguém que está a espera de oportunidades no mercado. Uma atitude como essa mostra o quanto uma pessoa é pró-ativa. “Lembre-se que as oportunidades geralmente aparecem para quem está atrás delas”, ressalta Domingos.
Muitas dessas dicas são úteis mesmo que você não esteja desempregado. É sempre bom estar prevenido para o imprevisto. Se você perdesse o emprego hoje, por exemplo, quanto teria de reserva para manter nos próximos meses o padrão de vida de que disfruta atualmente? Talvez seja hora de começar a reduzir custos e fazer uma reserva. É melhor adotar ações preventivas do que medidas corretivas para não ficar vulnerável após uma demissão inesperada.
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