Já quem receber pagamento da Receita nos primeiros lotes pode aplicar dinheiro em títulos do Tesouro Nacional ou em ações, que podem render acima da taxa básica de juros

Quem recebe a restituição do Imposto de Renda tem o valor corrigido pela taxa básica de juros (Selic), de 7,25% ao ano, na data do pagamento. Por um lado, pode ser vantajoso entregar a declaração no fim do prazo – para receber o dinheiro nos últimos lotes e aumentar a correção dos juros – mas, dependendo do objetivo financeiro e de fatores como a inflação, pode ser mau negócio.
Para o coordenador do site Investmania, Thiago Pessoa, é desvantajoso aplicar a restituição recebida nos primeiros lotes na pouçança, por exemplo. “A aplicação tem rendido apenas 70% da taxa Selic, portanto, se o objetivo é investir, melhor receber o valor nos últimos lotes”, explica.
Já para investidores com perfil moderado que receberem logo o pagamento da Receita, é boa opção aplicar o dinheiro em títulos do Tesouro Direto que pagam taxa Selic, mais correção do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), como os papéis NTN-B, segundo Pessoa.
Quem está disposto a riscos maiores pode encontrar uma boa alternativa no mercado de ações, na opinião do especialista. Mesmo com o mau desempenho da bolsa no primeiro trimestre do ano, em 7,55% negativos, ainda há boas opções, segundo ele. “Se o objetivo é ter um retorno maior da restituição, a aposta pode ser de longo prazo, em empresas com bons fundamentos (que determinam sua qualidade)”.
Segundo o coordenador de ciências contábeis da Faculdade Santa Marcelina, Reginaldo Gonçalves, quanto maior o valor da restituição a receber, mais provável que o pagamento demore a sair. “Há casos em que a análise da declaração é mais demorada, em virtude do volume declarado”, explica.
Se o contribuinte tem dívidas a pagar, deve se apressar para entregar a declaração o quanto antes e torcer para receber a restituição nos primeiros lotes. “Não é vantajoso esperar a correção da Selic neste caso, pois os juros de qualquer dívida são maiores, como crédito consignado ou financiamento de veículos”, orienta Pessoa, da Investmania.
Com a possibilidade de que o Banco Central volte a aumentar a taxa Selic para até 8,5% ao ano até dezembro, Pessoa argumenta que pode ser melhor receber a restituição nos últimos lotes do que receber antes e aplicar no Tesouro Direto, por exemplo, já que os rendimentos dos títulos públicos têm IR retido na fonte (veja a tabela).
Tributação do Imposto de Renda no Tesouro Direto
Tempo de aplicação | Alíquota |
Até 180 dias | 22,5% |
Até 360 dias | 20% |
Até 720 dias | 17,5% |
Acima de 720 dias | 15% |
Mas se a inflação for muito alta no período, o rendimento pode ser ínfimo ou até anulado. Em 2012, por exemplo, quem recebeu a restituição em dezembro, teve correção de 5,45%, com base na Selic. Para quem recebeu no primeiro lote (junho), a correção foi de 1,74%. “Levando em conta a inflação de junho até dezembro, que foi de 4,5%, não foi vantajoso atrasar a restituição”, explica Pessoa.
Na opinião da especialista em IR da MG Contécnica, Alexandra Assis, é preferível que o contribuinte se antecipe e entregue a declaração o quanto antes, independentemente de quando receberá a restituição e a tabela de correção. “A variação dos juros é muito baixa perto do risco que se corre ao entregar por último. A antecedência evita equívocos que levam à malha fina”, adverte.