Lula em ato de pré-campanha em Aracaju
Ricardo Stuckert/Divulgação
Lula em ato de pré-campanha em Aracaju

Após a aprovação da PEC Eleitoral, o PT estima que o pagamento do Auxílio Brasil mínimo de R$ 600 por benefício, que pela proposta será somente até dezembro deste ano, acabará se tornando definitivo. De acordo com o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), um dos interlocutores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva com o setor empresarial e financeiro, uma vez instituído o valor, não será possível reduzi-lo, o que gera um desafio fiscal para 2023.

A proposta de Emenda à Constituição  foi aprovada pelo Senado nesta quinta-feira (30) com apenas um voto contrário — portanto, com apoio do PT e dos demais partidos de oposição. Senadores do partido se manifestaram contra a decretação do estado de emergência previsto na PEC e desenhado para driblar a lei eleitoral, mas acabaram votando a favor do texto depois da proposta se tornar mais restritiva.

A PEC faz parte da estratégia eleitoral do presidente Jair Bolsonaro e custará R$ 41,2 bilhões até o fim do ano.

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"O PT foi o primeiro a defender o valor de R$ 600. O Bolsonaro foi contra. Não permitiu a aprovação. Então, Bolsonaro tem que se explicar porquê ele foi contra lá atrás e agora monta uma operação boca de urna, às vésperas das eleições, acreditando que pode comprar o voto de quem está sofrendo pela fome, pela insegurança alimentar", disse Padilha.

A proposta também permite zerar a fila do programa, hoje composta por 1,6 milhão de famílias que atendem aos critérios para receber o benefício, mas não estão incluídas no programa por falta de recursos. O orçamento do Auxílio Brasil em 2022 é de R$ 61,2 bilhões, e o programa atende a 18 milhões de família. Com a PEC, esse gasto subirá R$ 26 bilhões em 2022.

Para Padilha, o tamanho da fatura que está sendo criada agora, além de outras medidas tomadas pelo governo, dificulta ao PT apresentar um plano concreto para a área fiscal. Lula já deixou claro que quer rever o teto de gastos (a norma que trava as despesas federais e é considerada a principal regra fiscal do país), mas não apresentou uma proposta sobre qual regra colocar no lugar.

Os gastos previstos com a PEC serão pagos fora do teto e das demais regras fiscais, com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

"Essas incertezas e responsabilidades geradas por Bolsonaro e Guedes só reforçam que a deterioração econômica e social do país pode se agravar nesses últimos meses do governo fracassado por Bolsonaro, dificultando ainda mais qualquer tipo de detalhamento de uma proposta de um novo regime fiscal do país", disse o deputado.

Além dos gastos, o governo Bolsonaro zerou impostos federais sobre a gasolina e o diesel até o fim do ano, com aval do Congresso Nacional. Ou seja, se nada for alterado, o Brasil começa o próximo ano com aumento de impostos.

Esse cenário, diz Padilha, reforça a dificuldade de se apresentar um plano concreto para as contas públicas, como cobra o mercado. Ele compara a situação com o início do governo Michel Temer, que criou o teto de gatos para sinalizar uma melhora na trajetória fiscal, depois do governo Dilma Rousseff.

"Os construtores do regime fiscal do teto de gastos do governo Temer não o detalharam antes de assumir o governo, e só o fizeram quando começaram o governo, tinham as contas mas mãos. Passaram a detalhar o quando, a partir da presença do governo podiam coordenar o diálogo com os atores econômicos, com o Congresso Nacional e com a sociedade", afirmou.

Padilha ainda diz que, caso o PT de fato volte ao governo federal, deve retomar o nome Bolsa Família, aposentando o Auxílio Brasil criado por Bolsonaro. O Bolsa Família foi criado por Lula no primeiro mandato e é uma das suas principais marcas. Foi pensando nisso que Bolsonaro decidiu trocar o nome, incluindo o desenho dos cartões. O governo quis associar o nome do programa ao auxílio emergencial criado durante a pandemia e que ajudou, à época, a popularidade de Bolsonaro — esse é o mesmo desejo da campanha de Bolsonaro agora, com o mesmo valor do auxílio e com novo nome.

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