Nesta quarta-feira (22), a Caixa Econômica Federal começou a pagar o auxílio emergencial de R$ 600 definido pelo governo para o combate à pandemia do Covid-19 para mais um grupo, que agora deve abranger cerca de 7,2 milhões de brasileiros.
Mesmo assim, há muita gente que precisa e não teve acesso ao dinheiro, que será pago em três parcelas e pode chegar a R$ 1.200 se for para mulheres que são chefes de família.
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Tal demora, mesmo com a urgência gerada na economia pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), se deve ao fato de que o governo precisa fazer uma série de análises para garantir que as pessoas que deram entrada no pedido de auxílio sejam contempladas e não haja fraudes ou pagamentos incorretos.
Com isso, o tempo para que cada cidadão consiga usufruir do valor fica cada vez maior, o que só piora um cenário que já era precário antes da crise.
A situação, porém, não é seguida em outros locais. Países como a Alemanha
, por exemplo, resolveram abrir mão da burocracia para garantir o rápido acesso de quem mais precisa ao dinheiro disponibilizado. Por lá, entre a solicitação, que requer apenas alguns documentos, e o depósito do dinheiro passam-se apenas três dias.
Governo paga antes e analisa depois
"O banco de investimentos de Berlim abriu para os freelancers esse auxílio de 5 mil euros. Você só precisava morar na cidade e fazer a solicitação no site. Eles pediram poucas informações exatamente para auxiliar, porque aqui é tudo muito burocrático. Então, dessa vez, eles fizeram uma coisa super simples: só precisava do passaporte, da identidade daqui, do número de imposto, do registro de freelancer e do endereço", afirma Marcelly Matos, mineira de Belo Horizonte que mora na capital alemã e atua como mixologista e bartender.
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Segundo ela, que solicitou o dinheiro tão logo o site foi aberto, o depósito em conta ocorreu apenas dois dias depois. Ela recebeu uma notificação via SMS informando sobre o crédito.
Porém, como tudo que é muito fácil, Marcelly explica que existe uma regra para a concessão do valor: em três meses, quando a situação estiver melhor, o governo irá avaliar cada um dos pedidos. Caso fique comprovado que o solicitante não tinha direito, ele precisará devolver o dinheiro.
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"No meu caso, eu voltei a trabalhar agora. Recebendo esse dinheiro , eu ainda posso trabalhar. Se, no próximo mês, eu ganhar o mesmo que ganhei desse auxílio, eles vão questionar e dizer que meu trabalho não foi afetado. Nada é certo, isso é só julgamento de todo mundo que trabalha falando de como vai ser. Eles vão julgar: você tendo direito, não precisa retornar. Se não, vai ter que retornar", ressalta ela, que está atuando na logística de um supermercado após sua agenda como bartender ser cancelada por causa da crise.
"O trabalho que eu faço agora não é direto no mercado. É como se fosse um galpão, em que você monta os pedidos com as demandas de cada local, coloca na linha dos caminhões e eles carregam até os estabelecimentos. É muito mais braçal do que o meu emprego anterior. Antes, eu fazia eventos de alta classe como mixologista, produzindo drinks. É uma área completamente diversa e que paga menos do que eu recebia, mas é algo que salva", afirma.
De uma forma ou de outra, mesmo que no futuro exista a necessidade de devolver o dinheiro recebido, Marcelly aponta que a Alemanha optou pela linha do "ajuda antes, analisa depois", provando, como ela mesma diz, que o "governo alemão é uma mãe" e auxilia a população de várias maneiras.
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"Se você tem seu passaporte europeu, você nunca vai ficar sem casa, sem dinheiro ou sem comida. Tem os moradores de rua aqui, e é lógico que não é uma vida de luxo, mas o governo auxilia , basta solicitar. Ele oferece moradia e dá um auxílio mensal, não precisa nem ser alemão, sendo europeu você já tem direito. Se você não quiser trabalhar na Alemanha , você não trabalha. A verdade é essa", finaliza.