
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) desembarcou no Vietnã nesta quinta-feira (27) durante sua passagem pela Ásia. As relações econômicas e diplomáticas entre o Brasil e o país asiático foram ampliadas em 2023, quando o petista voltou ao poder.
Em novembro de 2024, durante a Cúpula do G20, Lula e o primeiro-ministro vietnamita Pham Minh Chinh anunciaram a elevação das relações bilaterais ao status de Parceria Estratégica.
O anúncio ocorreu no ano em que se completaram 35 anos do estabelecimento das relações diplomáticas, acompanhado de visitas institucionais e crescimento no comércio entre os países.
O intercâmbio comercial entre Brasil e Vietnã registrou R$ 44 bilhões em 2024, um aumento de 14,4% em relação ao total de R$ 38 bilhões registrado no ano anterior. O saldo comercial foi favorável ao Brasil, que registrou superávit de R$ 2 bilhões.
O Vietnã se manteve como um dos principais mercados para o agronegócio brasileiro, com demanda para produtos como soja, milho, algodão e carne bovina.
"O Vietnã é o quinto maior consumidor de produtos agrícolas do Brasil, com destaque para soja, milho, algodão e carne bovina", afirmou Caio Silva Magalhães, especialista em Relações Internacionais, em entrevista ao Portal iG.
Em 2023, durante visita do primeiro-ministro vietnamita ao Brasil, os países estabeleceram a meta de alcançar US$ 10 bilhões em trocas comerciais até 2025.
Missões comerciais realizadas ao longo de 2024 ampliaram negociações para a exportação de novos produtos brasileiros ao Vietnã.
Em março, uma delegação do Ministério da Agricultura e Pecuária esteve no país para discutir a abertura de mercado para carne bovina e pés de frango.
O Vietnã, com cerca de 100 milhões de habitantes, mantém um ritmo de crescimento econômico estimado entre 6% e 7% ao ano nas últimas décadas.
Cooperação regional e internacional
No contexto internacional, o Brasil busca expandir sua presença no Sudeste Asiático e diversificar parcerias além de mercados como China, Estados Unidos e União Europeia.
O Vietnã, integrante da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático) e do RCEP (Acordo Regional de Parceria Econômica Abrangente), é visto como um ponto de acesso a outros mercados da Ásia.
"O Vietnã é um hub logístico e industrial, e uma parceria com ele pode facilitar o acesso de produtos brasileiros à Ásia", disse Magalhães.
Os dois países também atuam conjuntamente em fóruns internacionais sobre segurança alimentar, desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas.
Em 2024, o Vietnã declarou apoio à realização da COP-30, que será sediada pelo Brasil em Belém, em 2025.
Cooperação em tecnologia
As negociações bilaterais também incluíram o setor tecnológico. O Vietnã mantém um setor de semicondutores e eletrônicos em crescimento, e o Brasil demonstrou interesse em estabelecer parcerias na área.
Em 2023, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, esteve no Vietnã para tratar do tema.
"Há um interesse mútuo em ciência e inovação, com potencial para transferência de conhecimento e investimentos cruzados", afirmou Magalhães.
Empresas vietnamitas também avaliaram oportunidades nos setores de infraestrutura e energia no Brasil.
Perspectivas para a parceria
As interações entre Brasil e Vietnã em 2024 incluíram visitas oficiais, como a do chanceler Mauro Vieira a Hanói em abril e a de Nguyen Trong Nghia ao Brasil em agosto.
O aprofundamento da relação comercial e diplomática está inserido na estratégia brasileira de ampliação de mercados e cooperação internacional.